terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Barreiras


Este ano aprendi uma coisa maravilhosa com os meus quatro filhos,

Só se explica o termo "Limite" quando se entende a palavra em si.

Quem não sabe parar não sabe ensinar o  velho mas importante "chegou por aqui" (sobretudo aos 16).

Obrigada filhos M'eus

 .

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"Árvore"


Hoje vi um filme que tinha tudo menos a palavra "filme", em si...

Hoje vi uma Obra-Prima de nome igual ao título deste post.

Hoje a minha vida mudou.

...


Aterrei em mim com os quatro pés no chão.

Fiquei Inteira, onde Estou.


Recordei cada momento dançante do m'eu Eu que me guiou até aqui, aquilo que me fez escolher amar o Homem com quem vivo, aquele a quem entreguei a mão para atravessar em conjunto o deserto que, muitas vezes, a minha alma é; que acolheu o que sou sem me repreender, que quase-sempre diz-sim.: 

- Vai, segue o teu caminho, escreve, cria, expele tudo, doa a quem doar, custe o que custar, sê*

Hoje (re)compreendi o que sempre soube mas teimo em esquecer.

 Porque sou assim; "esquisita" ?... Coração-Aberto como guelras de um peixe-morto que "só sei" sentir.

Alguns homens-humanos são feitos desta matéria inorgânica;  talhados para viver na Arte, com Arte, pela Arte e para a Arte. 

Essa fonte inesgotável é remédio que arde, arranha, penetra, fura mas sobretudo Sara-Cura.

Tenho-a dentro de mim.  

O sangue em seiva. 

Entrelaçada n'Ela permanecerei. 

Hoje perdoamo-nos, Hoje brindamos, Hoje choramos.

 dia 27 de dezembro de 2013 não será mais "apenas um dia";

.eternamente tua.

Nua


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

choramingaS



Muitas pessoas choramingam-se com conversas de que.:

Se tivessem uma relação é que era... 
Se tivessem amor retribuído é que... bla-bla-bla, 
Se tivessem dois metros eram modelos, 
Se fossem poderosas mandavam não-sei-o-quê, 
Essas pessoas, normalmente, nunca ficaram num relacionamento mais do que três anos, se é que chegaram aos três meses...

Se as pessoas soubessem o trabalho que dá um relacionamento escolhiam-no bem, com curriculum vitae, testemunhos reais de ex-namorados e afins, deve ser por isso que a maioria dos segundos casamentos corre melhor que o primeiro, pressupondo que o segundo é feito numa maior consciência e não numa fuga ao primeiro.

Se as pessoas soubessem que metade do que dizem é lixo só escreviam, porque quando se escreve têm de se reler, uma, duas, trezentas vezes, têm que se ouvir críticas, é se obrigado a crescer.

Se as pessoas soubessem viviam em ver de ter teorias.







terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Um natal real


O natal foi conhecido, em tempos, pela noite do silêncio. Deveria ser assim.
Hoje fiz o que fazia antes de casar e ter casa própria onde pousar, fui andar a pé até o sol desaparecer. Fui olhar, ver, algumas verdades que ficam coladas nas paredes da rua mesmo depois de esfregadas; sozinhas; sem outro sítio onde estar; deitados na sua própria tormenta , acorrentados na sua própria demência. 

Corri o metro com as minhas filhas; dei de caras com uma menina; adolescente, de pele branca-cal, sobrancelhas rapadas, cabelo preto-negro-corvo e ... A cara auto-mutilada, num corte longo e perfeito, geometricamente estudado, debaixo dos olhos, ainda cozido, semi-cicatrizado. O seu primeiro instinto ao ver-me carregada com bebés foi sorrir mas rapidamente escondeu-se, envergonhada, debaixo do seu papel de "má". Que dor tão profunda escondem pessoas assim? De que se querem defender e Porque fugimos, nos, humanos, de pessoas "iguais" que suplicam por ajuda destas maneiras tão bizarras de mostrar o quão estão mal; que precisam de ser vistas, tocadas, olhadas. Era apenas uma miúda, uma menina como as minhas, possivelmente zangada, com o natal... sozinha continuou, "indefesa", sentada no chão, arrumou "pacificamente" a mochila cheia de cereais enquanto eu a olhava; deu-me vontade de gritar.:

- Onde está a merda da tua mãe?! O que te fizeram? Como te fizeram? Onde te fizeram?!

O meu coração rasgou-se em mil pedaços, tal-qual boneca de trapos que ultimamente estou. Remendando-me levantei-me, dei a mão as minhas com uma promessa divina que as vou amar sejam como forem; estruturei-me; destruturando-me e  disse-lhe adeus; não respondeu.

Não sei se chorei mais por mim ou por ela mas chorei.

Que Deus nos guarde de tão trágico fim. 

sábado, 21 de dezembro de 2013

Ser Perfeita.


Ensinar O perfeito.
Falando Perfeito.
Sentindo Perfeito.
Fazendo Perfeito.
Sonhando Perfeito é uma Perfeita Mentira.



Faz um Ano



Faz um ano que passei um dos melhores Natais do mundo.

Este ano estou amuada.
Quero colo mas não o tenho. O ano passado, literalmente escrevendo, também não o tive mas não o chorei.

É tudo uma questão de passado...

Quando há divisão real, um rasgo, rasga (ponto)

Faz 380 dias que juntei-me com toda a minha família real, pai, mãe, tios, tias, primos, filhos, este ano estamos partidos, cada um no seu local e isso faz-me recordar o natal de antigamente.

Filho único, de pais separados. O pior...

Na véspera, em casa da "minha" avó simples e feliz, reinava a festa, o grito, o papel rasgado por todo o lado, o açúcar das fatias douradas livremente polvilhado, as saias semi-rasgadas de tanto pulo, as meias desordenadas, no dia seguinte vinha o oposto, o cabelo penteado, repuxado, arranjado; o apertar do laço rijo, o entrar sozinha pelo salão, o almoçar na cozinha, o querer um irmão, um abraço, um carinho.

Havia sempre uma "Sara" alada, que enquanto servia pratos batia palmas para me animar mas chorava, disfarçada, atrás de uma porta.

- O que tens? - perguntava-lhe eu. 

Entre nós nunca existiu formalismo até deixarmos de nos ver.

- Ai menina... Queria pertencer a uma família...

E eu, que "pertencia", também a chorava, me chorava, nos chorava.

Filho único, de pais separados...

Nunca pertence a lado nenhum, percorre a vida, pela frente, com esta antagonismo de pensamentos e emoções. 

Choro ou sorriu?

Hoje estou assim.
Assim.Assim


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Inconsciente


O inconsciente não esquece.
É um elefante VIVO.

As minhas filhas, o meu filho, terão traumas, como eu, como ele, como tu mas eu espero, sinceramente, que o inconsciente lhes devolva à consciência, muitas vezes, as coisas lindas que eu as vi, tantas vezes viver e ver.

Recordar é Amar.

domingo, 8 de dezembro de 2013

A verdade sobre a vida


A verdade sobre a vida é que não existem verdades... Apenas vontades de boa ou má intenção .

"Oremos" irmãos 

Jesus Cristo foi Morto na Cruz, As Bruxas queimadas na fogueira e os Gatos envenenados sem compaixão .

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Queria escrever sobre amor ...


Queria escrever sobre mas opto por gatafunhar um

Rascunho.

Para falar bem sobre algo deve-se entender o como. 
Se alguém encontrou descrição para tal sentimento alado que me envie por favor e muito urgentemente .

Eu amo, eu amei.
Talvez a vida me tenha entregue quatro filhos em vez de um para me obrigar a compreender que o coração não é uma cave velha, de energia estanque mas sim uma casa com milhentas possibilidades de janelas.
O amor não é Um poço sem fundo, porque todo o poço tem um fundo; nem tão pouco se parece uma montanha com cume, é o pedaço do quase-tudo que importa e move o meu mundo.

Aquele abraço que se encaixa. A valsa que não se dança. O colo que não se tem porque não se pede. O início que se quis mas não de experimentou. O amor é medo, ou melhor; o amor tem medo, porque é bicho 
de tal tamanho que enche(!), preenche mas o amor também se perde, esquenta, evapora, transforma e quando isso se dá cria um buraco escuro, o amor é hábito semelhante ao vício; mora em cada começo que não se deu. O amor é, talvez, o sentimento que faz do homem-animal estúpido, no sentido literal da palavra, é o que nos move e o que nos demove; o que arde e o que sara, o que constrói e destrói, o que corrói e transforma, é a fome e o jejum. 

O amor é filho da mãe porque é n"ela que se gera ou não o primeiro amor e anda quase sempre de mão dada com "inimigo" pai, já dizia o povo do meu avô, o sentimento mais próximo do amor é o ódio ; o meu coração de mãe divide-se "equilibradamente" e genuinamente entre os quatro filhos que pari o que me faz questionar como mulher;
Se Deus nos deu um coração enorme como se pode amar apenas um, para sempre e eternamente até ao fim?



Rascunho . Rascunho. Sem fim. Sem propósito. Sem juízo, apenas e só porque sim.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Condenadas por ser Casadas&Engraçadas


Ontem esqueci-me que ainda tinha DIREITO a ter amigos Homens.
Não porque o meu marido me reprime mas porque eu própria entro no tango mal ensaiado em que anda a nossa sociedade portuguesa de falsos moralistas que praticam regularmente sexo gratuito, pago e desregrado MAS sem as suas próprias mulheres.

As pessoas lá porque são giras, engraçadas ou inteligentes não tem de ir parar directamente na cama dos outras ( ou não deviam, porque por umas pagam as outras...)

As pessoas PODEM E DEVEM se identificar, sendo ou não sendo da mesma qualidade sexual sem isso implicar "tudo o resto..."

Ontem...Antes d'ontem, talvez, quis fazer um amigo, um amigo que não me quer como amiga porque "talvez" isso implique espaço para males maiores então pensei.:

ESTOU MALUCA?!!

Claro que "estou", a maluquice-regular é o que me define porque gosto d'ela e é o que me ajuda a pensar, mas além disso explorei.: 

Será MESMO proibido ter amigos quando se é casado...?

Eis que Deus não é surdo e o facebook muito ajuda, contactaram-me dois amigos, verdadeiros, Homens, por acaso, que me ouviram e me disseram.:

- Bá, não estás maluca, não... mas nem toda gente aguenta o que poucos aguentam, não projectar a sua própria salvação numa nova paixão, a vida é difícil, tu sabes bem isso, é mais fácil imaginar que uma vida "contigo" ou outra pessoa nova seria genial porque é como estrear umas meias novas mas que, depois de irem à maquina de lavar, ficam todas iguais. Não te esqueças...tens bom gosto, és gira (esta parte tenho as minhas dúvidas...), inteligente, divertida, responsável e activa e alguns casais, ou semi casalinhos, em depressão, ficam a achar que a galinha da vizinha é sempre melhor que a sua...

Ora bolas...então não sou eu "A" maluca de todo...essa coisa da galinha é deveras a coisa mais louca do mundo.
As galinhas são dos animais mais estúpidos, dão ovos sim e sujam absolutamente tudo, diz-se até que se alimentam do seu próprio excremento...
Quanto a mim, o meu eu real e físico, concretamente, digo e repito.:

Comigo, passa-se fome!

Detesto o cheiro da comida presa nos cabelos, as cebolas cortadas e o look avental de avó.
Comigo não há sossego, há sempre mais para fazer, mais para dizer, mais para conhecer, mais para fazer, mais. PONTO, a isso chama-se extrema EXIGÊNCIA, dá para aguentar? Só para alguns...
Comigo não há falinhas mansas, há sempre directas emocionais, exercícios fortes de reflexão.

Comigo não há domingo, porque todos os domingos são meus inimigos pessoais, traumatizam-me e deviam ser tirados do calendário nacional de todas as semanas, de todos os anos! Comigo HÁ pedidos de colo, choro ranhoso, como uma criança de dois anos, comigo há o desmaiar de riso ou o cair para o lado, de exaustão. Comigo é furacão, falcão, foguetão- vulcão e se não querem ser meus amigos porque eu sou casada, normal e comunicadora, well...

Sobra uma coisa a escrever que tão bem me define.:

"FUCK OFF & DIE!"
( em inglês para não ser malcriada, está claro)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Só deus sabe




Temos de mudar outra vez.

Fomos felizes aqui em muitos aspectos, SIM, somos felizes, mas há sempre tanto mais a acontecer em famílias grandes, como as nossas, do que apenas a utopia da felicidade. São seis corações que batem, seis opiniões, seis birras, seis abraços, seis vezes quatro porque as meninas valem sempre por mais dois...Tantos quartos, tanta altura de tecto, tanto de tanto que o coração aperta com frio e se há coisa que me custa é o acto de decidir...

Ontem sentei-me a chorar.
Hoje repito-o, a tentar a sorrir...

Confesso que AGORA não sei quem sou.
Não faço ideia para onde vou, ou ao que vou porque resumo-me ao que posso, permanecer fiel ao melhor que sei.

...
Perguntaram-me.:
Onde vais viver?
Não sei.

sei onde vivi, isso sim...

Acredito que moro, morei, em cada coração que conquistei, em cada casa que decorei, em cada homem ou amiga que amei; agora...
é tempo de partir.

Choro mas Levo-te ao colo.


domingo, 10 de novembro de 2013

Pedir ajuda


É assumir que não se sabe tudo e quando é feito, inteiramente e com todo o coração Deus ouve e intervém através de Anjos que existem com e na matéria, sem asas, mas cobertos pela paixão; eles moram, normalmente, na nossa rua, ao lado da nossa casa.

Abre os olhos e deixa-os entrar.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Dualidade real e normal


Falei com uma maravilhosa mãe que me confessou o quanto lhe custa ser mãe porque tantas vezes sente que há tanta coisa que ela deixou de fazer que amava. Que sente um grito, um vulcão interno prestes a soltar se e a pergunta que sei que ficou no ar foi; como é que tu aguentas?

Aguento "" porque me perdoo. Porque me repito. Porque sei que tudo passa. Porque sei , não sei como, que vou durar muitos anos. Aguento porque sei que é tranquilo falhar, que o "trauma " é essencial para quem cresce, para SER gente . Pessoas mortas, sem histórias não aquecem ninguém, são como canjas, sem sal, são como iogurtes, azedos, são como caramelos, secos. 

Hoje fui trabalhar,
Hoje voltei a casa, hoje oiço Deolinda aos berros enquanto aspiro a casa com o teclado semi aberto, semi fechado e o bebe no canguru e sinto tudo, cansaço por os ter e alegria por os viver, cada gargalhada da Paloma acende a chama da minha alma, cada desenho dos que foram para a escola atiça memórias activas e giras, cada almofada que cheira a pó talco e vomitado remexe o meu pulsar. Amo-os, sim! Mas estou cansada, sim, penso em tudo o que não estou a faZer mas sei que ISTO é o momento que eu sonhei, não vou esquecer.

Respira 
Aguenta
Chora
Sorri mas sobretudo fala, fala com pessoas verdadeiras, normais e reais.

Abaixo aos "iluminados que levitam"! 

Carne!
Encarnados estamos e tudo é , absolutamente, natural.
Vivemos irmãos !!!!

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A aceitação de nós próprios


A aceitação de nós próprios é o início da liberdade e da responsabilidade .
Somos maus quando queremos 
Somos bons quando queremos
Somos grandes quando queremos 
Somos pequenos quando queremos

Passamo-nos quando não queremos mas recuperamos se quisermos.
A vitimização e a culpa são a almofada ideal para quem pura e simplesmente não quer mudar porque gosta de ser assim, como é e isso; é auto estima caros senhores!

Antes um cego assumido do que aquele que não quer ver.

Antes um mau génio assumido do que um unicórnio mal parido.


"AnapaulA"


"AnapaulA" (fictícia) "AnapaulA"

Larga o PRE-CONCEITO


"AnapaulA" (fictícia) "AnapaulA"

Larga o PRE-CONCEITO

                       
       .
Queres ser feliz, sê*

terça-feira, 5 de novembro de 2013

MoMundo





Não viemos ao mundo para mudar alguém .

Viemos ao mundo para nos aperfeiçoar a amar amando

Barbara Jordão Rodhner , a mãe.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A minha sogra


"- Mãe, a avó Jutta disse-me que os soldados na guerra faziam xixi nas botas quando lhes doíam os pés. Lembra-se daqueles ténis que me magoam....?"

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Dias Reais


Ter quatro filhos, um casamento, uma casa por arrumar, um emprego a não falhar e sonhos pessoais é ter uma folga, olhar para as mãos com unhas supostas de gel e pensar...

Vou à cabeleireira?? 

Nãaaaaaooooo... limo-as eu, em casa.

Perdi a Lima fui às ferramentas do meu marido...Não comento o resultado? Nada profissional mas ;

Tive o dia Só para me Ouvir a mim.

Ufa.



Dado


O que é dado e não conquistado sabe a pequeno e a um quase nada de veneno. Vim ao mundo embrulhada em feno e ao feno regresso a cada segundo; minuto de meio termo em que me encosto ao dado ao invés de conquistado, morro de inércia. Antes: Produzo. Trabalho. Atinjo pelo prazer de viver e sem medo de O perder. O que é conquistado ao invés de dado é eterno, com ou sem ou na ou em matéria.

Torna-se Nosso.
e Sereno.

Sem tirar Nem por.


"- BERNARDO TENS 2 SEGUNDOS PARA ENTRAR NO BANHO!!!"

"- Oh Mãe...Tenho a Vida INTEIRA para criar a minha vida."



terça-feira, 22 de outubro de 2013

Mulheres dominadoras


Na minha casa nasceram três.

Na minha família nascem aos mil.

Não somos nem mais nem menos que os homens; somos extremamente idênticas semi iguais .
Amazonas de calças rasgadas e armas na mão. Somos filhas da guerra. Mulheres que se virão sozinhas com bebés nos braços. Somos defensoras do ninho. Mulheres que semeiam mas também colhem. Mulheres que ceifam e também cortam. Somos mulheres que amam mas também matam . Somos mulheres que lutam mas também curam.

Sei perfeitamente porque não pari. Nasci do corte. Da dor. Da morte. Renasci-me e fiz-me forte. Sou quem sou, nem menos nem mais. Mulher. Mulher dominadora.



A vida



A vida é, talvez, uma dança entre o destino e o desejo. Há muito "pouco" a fazer além de acertar os pés e a dança .

Faz o teu trabalho minha filha.

Observa-te.

Voltei a Estudar.


Voltei a Estudar.
Voltei a Estudar "com" a Maria, "pela" Maria.
Voltei a Estudar porque SOU gente, porque amo SER gente.
Voltei a Estudar porque quero que as minhas três filhas compreendam que além de virem a ser, possivelmente (ou não) Mães elas serão SEMPRE Mulheres - Pessoas dentro de si, desempenhando bem ou mal os seus papeis de performance física, elas serão Sempre GENTE em Si e para Si. 

Voltei a Estudar não para provar alguma coisa a alguém mas porque me reLembrei de mim; porque amo e sempre amei aprender, porque me sabe e sempre me soube bem ESCOLHER; escolho Estudar, não por obrigação (desses cursos facilmente desisto) mas porque me fascina O conhecer, O mergulhar, O reLembrar, O reValidar o que Sou, como Sou e para que e quem Sou com pessoas À minha altura.

Diz o povo que.:

"Quando o aluno está preparado o MESTRE encontra-O"

Talvez a minha passagem pela vida seja semi diferente neste aspecto, quando EU me sinto preparada selecciono, meticulosamente, os meus "Mestres" e sigo-os normalmente e pacificamente até À parte da estrada onde sinto, agora, vou pelo mEu caminho.

Sou livre.
Sempre fui.

Voltei a estudar, Maria, porque voltei a ter-me a mim dentro de mim; 
Voltei a ter um caderno vazio para eu encher com coisas minhas, Maria;
Voltei a fazer perguntas, Maria;
Voltei a tirar apontamentos, Maria; 
Voltei a sublinhar, Maria, e faço-o porque faço questão.

Foi preciso desistir de muitas coisas que não valem nada, ou valem muito pouco para quem eu Sou para poder pacificamente encontrar o que para mim e em mim vale, tanto ou muito mais que* 

Foi preciso ir experimentando, arriscando, seleccionando e trilhando para saber o que é o Conhecer; vivendo.

Foi preciso Ser gente para Ser.

Anda, Maria, abre tu também os teus cadernos, mergulha no teu Eu. A escola foi, lá atrás, um recreio gigante e inconsequente, agora, minha filha, a mãe escolheu para ti outra linha; Que o teu maior recreio se transforme no centro do teu peito.

Sente.te.
Explora.te.
Procura.te.
Encontra.te.
Mergulha e Namora.

Chegaste ao interior de ti.

Amo-te, Minha Maria.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Nunca te contei



Nunca mais me lembrei

Quando eu era miúda eu namorei

Quando eu era miúda eu era ingénua
Quando eu era miúda eu amei
Quando eu era miúda eu confiei

Quando eu era miúda eu tinha uma melhor amiga; A melhor amiga.

Quando eu era miúda Ela traiu-me, com o namorado que eu tinha e chamava "meu"

Quando eu era miúda partiram-me o coração; duplamente e não, literalmente, escrevendo .

Quando eu era miúda Demorei onze anos a perdoar e perdoei; onze anos sem julgar e não julguei mas confesso que dou conta agora e ainda que não superei, não o ele, não o ela, mas o facto de algumas pessoas quebrarem, efectivamente, o código da honra da amizade humana .


Onze anos depois de quando eu era miúda a palavra "amiga" ainda me faz arder o fundo da garganta .

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Fernandinha

Tem dias maravilhosos.

Sobretudo os dias que se transformam em noites; tempestuosas, com chuva, muita; ventos, fortes; trovões, enormes... rolo de lã crua e branca, botas pantufa mole e fofa e crianças enroscadas e aninhadas como almofadas e gatos rãs. Tem dias que se transformam em noites em que os contos nos escorrem pelas fontes. Tem dias que se transformam em noites onde as crianças sobem febres em busca de um Amen. Tem dias transformados em noites em que a bíblia ou o terço saem do armário, junto aos álbuns e as cartas amarelas, entorpecidas, esborratadas, amarrotadas que falam de vidas, outrora minhas, outrora nossas. Tem dias que se transformam em noites onde o ponto cruz e a manta grossa voltam a fazer sentido, não porque se gosta de ponto cruz mas porque a memória se estende como um véu até ao céu e se cruza com a morte. Tem dias que se transformam em noites onde o barulho de um interruptor velho significa absolutamente tudo. Tem dias que se transformam em noites em que o cheiro do bolo quente inexistente invade o Hall e a cozinha como se uma forma latente estende-se uma ponte entre o antes do antes de ontem e o hoje, tem dias que se transformam em noites em que te chamo com a certeza de que ainda estas aqui.

Avó.

Senti-te.

B

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

SonSaS



Algumas pessoas foram formatadas para ser boas.
Para não responderem mal.
Para não serem desagradável.
Para não ofenderem.
Para não confrontarem.
Para não desagradarem.
Boas.
Boazinhas...

Olham com ar de compaixão.
Olham com ar de tolerância.
Olham com ar de perdão.

Algumas pessoas são, naturalmente, boas, sim; não digo que não.
Mas outras...
Outras São.
simplesmente mas tão completamente

Falsas.

Com ou Sem intenção
.


Todas as pessoas.




No outro dia uma amiga disse-me.:

- Todos os homens são capazes de trair.

...

Pensei sobre isso.

Não concordo.

Acrescento.

Todas as pessoas São capazes de trair, no entanto... Não quer dizer que o façam. É uma questão de Escolha de caminhos.

.

"One is the loneliest number"



https://www.youtube.com/watch?v=r5DHquP1HWU

Há muitos anos atrás, naquilo que chamo "uma outra vida" eu fui sozinha.
Sozinha tem um significado vasto e duplo mas talvez e também único. Depende de quem o Vê e de Onde o vê.

Sozinha para os "místicos" é algo inexistente visto que estamos sempre acompanhados por Deus.
Sozinha para os agnósticos é algo inexistente visto que estamos sempre acompanhados por nós próprios.

Sozinho para mim é a mistura das duas coisas, e para mim sozinha Existiu. Sozinha. Sincera e de verdade.: Sozinha.

Tive-me a mim, tive Deus mas com uma nítida e real sensação de que estava só realmente e completamente Sozinha, no sentido em que; me faltava uma peça. ...

A outra metade de mim.


Sei. e SEI mesmo. que nenhum outro ser é responsável pela nossa felicidade, mas sei, e SEI mesmo que existem seres que nos fazem crescer, uns porque nos obrigam, outros porque nos obrigam.) O conflito normal e natural do relacionamento, para mim, é A Bênção do Crescimento.

Sozinho vive-se. Sim.
Sozinho sobrevive-se. Sim.
Sozinho não se tem dores de cabeça, talvez, Sim.
Sozinho não se tem de cozinhar, provavelmente, também.
Sozinho não se tem de dar explicações, certamente, não.
mas no Sozinho Sozinho há uma espécie de alienação...é somente e só (irónico) uma questão de tempo.
No SozinhoSozinho Há uma espécie de autismo;
Uma espécie de individualismo que facilmente cai no narcisismo.
SozinhoSozinho tem muito que se lhe diga...

SozinhoSozinho é, para mim, uma espécie inferior de se estar em si, é uma espécie de medo que se instala debaixo da pele e dificilmente sai.

Sozinho É efectivamente Sozinho.
Sozinho é vicio.
Vicio viciante de ficar sozinho.

Oiço, regularmente, algumas pessoas que se queixam da companhia, do companheirismo, que trocam o dia-a-dia por uma aventura, que acham que um mergulho na água fria, na nudez, no des-compromisso lhes vai acender o que já foi (d'elas próprias), que se vão reencontrar na não relação. Que o "novo" estado vai tapar o buraco que está e estará sempre onde "ele" existiu.

Sozinho é um vazio da alma que provavelmente não se cura.
É um Vazio
É a insatisfação que esconde a exigência que esconde o medo que esconde a baixa auto estima que esconde o medo de se dar, o medo de amar, o medo de falhar , o medo de existir como se é, na verdade verdadeira do ser que se é. Sozinho...Sozinho é Sozinho.

Os SozinhosSozinhos por opção julgam que vão entender o que nunca entenderam acompanhados.
Os sozinhosSozinhos abandonados provavelmente entenderão o que os sozinhos Sozinhos por opção nunca entenderão.

Vão se ouvir
Vão se tocar
Vão se amar...
Vão se chorar

e eu, eu rio"" de mansinho só com a possibilidade de atrair essa opção;
vá de recto satanás, fica surdo mudo e vesgo e torto e em susto que eu cá sei o que é sozinhoSozinho, já vi, vivi, entendi e não o desejo nem ao meu pior amigo....

A vida fez-me sozinha desde o dia em que nasci, sinto-me assim até no meio de imensas pessoas, quanto mais SOZINHA SOZINHA, por opção.

Gosto de espaço e tempo, SIM, para ser quem sou e como sou mas não Sou nem quero Ser a Ilha deserta que outrora me vi. Seca. Convencida que a minha força era a minha solidão.

SOZINHA NÃO!

pois Sozinho é Sozinho, caro amigo...

Observar as palavras é um acto de solidificação.

Um = One

Ilha
Entre Água.
Solitária.

Comunidade, 0.

Sozinho é sozinho, não é dentro de nós, é alem de nós, num segmento escondido do tempo, sem espaço.

Sozinho é dureza.
Sozinho são Rochas.
Sozinho É acordar mas sobretudo deitar NO sozinho. Um dia. dois dias. três dias; faz-se bem.
Um mês. dois meses. três meses...assim assim.
Um ano. dois meses.três meses.Sete anos...nem por isso.

Sozinho é Sozinho, meu caro amigo.
É só para alguns.
Sozinho é para quem não chora o ouvir musica
É para quem não tem medo do escuro
Sozinho não é para meninos, caro amigo.
Sozinho é SOZINHO, caro irmão.
Sozinho faz crescer pêlos no buço, ficar com peito duro.
Sozinho é sozinho.
Sem ninguém.

https://www.youtube.com/watch?v=r5DHquP1HWU
Sozinho é um.
Um...Sozinho.

Cuidado com as palavras como...
Agora... preciso de estar sozinho.

Antes dizer a verdade e dizer, agora preciso de estar com outras pessoas, NOVAS pessoas porque volto a repetir para não me esquecer.
Sozinho É.
Sozinho.


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Zé B by Me


                                          É preciso perder o Juízo para depois voltar a tê-lo.

Mulheres Domesticadas








Carne ou Peixe?
Arroz ou Aveia?

"Saber" Estar é simplesmente Estar como se É ou fazer de conta de que se é o que não se é?

Existir livremente requer Agressividade?
Liberdade em excesso é efectivamente um excesso ou simplesmente experimentar?
Quando sabemos quando parar?
Arrombar/derrubar o Outro que nos tenta forçar a ser outra coisa que não nós próprios é ser malcriado ou lutar pela nossa liberdade mental?

A vida é, talvez e de facto, uma linha ténue entre a verdade-verdade e a mentira pessoal...
Entre Ser ou fazer de conta que se É.

A dualidade que nos invade enquanto mães que educam filhas é algo que trespassa, ainda mais e pelo menos, a minha espinha.

Intenso...
no mínimo.

Para quem não se pensa por favor ignore as minhas seguintes linhas...Para quem se sente, sinta-as.


Quem Somos?
Para onde Vamos?
O que Fazemos?
Para que Fazemos?
Porque e Como fazemos?
O que levamos?
O que deixamos?

A Criação que pomos no mundo é realmente de nosso agrado e satisfação?
Quanto tempo passamos por dia a polir os nossos filhos mostrando-lhes o quão "imperfeitos" são?

Como contrabalançar entre o selvagem natural e saudável e o doentio Domesticado sem esbarrar na imoralidade emocional e espiritual?

Valerá a pena tornarmo-nos de tal ordem vulcânicas que de nós tudo/muito foge? ou...
Valerá a pena tornarmo-nos de tal ordem "arrumadas" e senhorinhas que de nós fugirá apenas e só O essencial; o propósito desta vida...

Passar a ferro, "evitar" sujar as rendas, falar direito, endireitar as costas...sim...Pratico TUDO. RELIGIOSAMENTE TUDO, de vez em quando... mas quanto é que isso leva de mim? e delas??

Conheço, ou julgo que tenho a sorte de conhecer, duas ou três mulheres que considero Mulheres e até n'elas e sobretudo n'elas vejo, com toda a clareza, esta dualidade, esta intermitência da Alma Viva versus o Ser Social que também se é ou que é esperado de e por nós mesmos.

E no fundo do poço permanece a mesma pergunta.:

Quem Somos?

E sobretudo:

Quem queremos Ser?!

Como fomos "programados"?

Quanto de nós nos permitimos Ser? Seguimos o nosso sonho, se é que sequer ainda o temos?

Fugimos ou adiamos a vida VIVIDA porque temos medo de desiludir alguém?

Temos medo do "que se vai/pode dizer" por ai se formos "assim"?

Medo de perder O amor primordial? Se sim é porque no fundo não confiamos em ninguém; se sim é porque no fundo não confiamos em Deus ou qualquer autoridade "" semelhante.

Evitamos o grito individual que nos move em frente só para evitar um conflito?

Mas Crescer e Evoluir é essencial!

Oiço historias de pessoas que jogam "jogos" para manter relações enquanto bebo "cafés" a tentar manter amizades que talvez já não sejam mais do que hábitos sociais; porque assim aprendi. Ou será que bebo cafés como estudo social que me leva e obriga a crescer e a evoluir?

A OBSERVAÇÃO DO OUTRO É A OBSERVAÇÃO DE MIM.

Ouvir coisas como.:

"Sim porque...Agora ligas daqui a dez minutos e dizes "não sei o que" e fazes blá blá blá e vais ver que "ele" (ela) fica maluco"; faz-me olhar para mim. Vejo-me.
Cabelo esticado, sim. Tem dias desses mas hoje em dia muito raros; porque me escapa o tempo; porque me escapa a paciência de. mas sobretudo (re)vejo-me a roer um pêssego...
(re)Vejo-me a ser um pedaço de Tudo;

a Selvagem e a Domesticada.

Eu nunca joguei um jogo de amor... Pelo menos, Acho eu...

Eu sempre existi, fui sendo, fui andando, fui caindo, fui chorando, umas vezes empurrada outras vezes de queda natural mas raras vezes ME fingi e o que levo?

Levo o que é meu. Ponto.

Ás vezes dizem-me.:
- Tens tanta sorte.

Talvez...
Mas ontem o "meu" marido leu para mim .:

"A sorte é quando a preparação e a oportunidade se encontram."

Sim.
Concordo.

Trabalhei-me.
Trabalho-me.
Trabalharei-me provavelmente para quase todo o sempre.

Às vezes tenho a mania que já sei "tudo" mas rapidamente me passa.
Ninguém sabe tudo; Só o "Tonto" julga que sim.
Estamos sempre a aprender... Então olho e Olho...
Entre a Selvagem e a Domesticada quem sou Eu?
Sou.
Ponto.
Vou sendo*
Experimentando o ser, Sou.

Aquilo que Somos quando Somos de Verdade é completamente e verdadeiramente insubstituível.

Isso sim.

Levo-me para a campa com apenas uma certeza; não controlo ninguém. Não quero controlar; Quero viver.
Nunca saberemos se as pessoas que amamos vão continuamente e eternamente gostar de nós mas devemos morrer com a certeza de que fomos honestos na alma e no coração para que quem nos rodeia possa escolher, na consciência, ficar ou partir.

Sou. Ponto.
Sou uma enorme dor de cabeça; Sobretudo para mim. Mas sou, talvez, a minha mais divertida companhia.
O resto?... não é sei.

Sou. Sou tudo o que me apetecer.

O resto?...não sei.

Sou. Ponto

O resto?... não é da minha responsabilidade.

Não magoo voluntariamente ninguém mas magoo, muitas vezes, sem querer.
Sou. Ponto. Humana.

Sou. Ponto. A experimentação da experiência.
Sou, quase sempre, tirando os dias em que vou sendo.

Amo toda e qualquer pessoa que É. O resto...? não é da minha responsabilidade.

Vou chorar, vou rir; MUITO ao longo de toda esta minha vida ( e na morte provavelmente também)
Com toda a gigante certeza vou-ME zangar, urrar, berrar, explorar, rebentar e cantar mas vou amar e re-amar com todo o fogo que o corpo tem e vou pensar e re-pensar com todo o neurónio que os pós-partos deixaram escapar. Vou caminhar e viver como uma chama que arde alta e muito transmuta, vou experimentar fundir o céu, sem véu, com a Terra.

Vou. Ponto. e quem quiser vir comigo sente-se e voe comigo.

...............................................................................semi domesticada. Semi selvagem....

diria até e então.:

Totalmente e Completamente descompensada MAS balançada*

A vós, Mulheres.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

hoje

Hoje não tenho fotografias
Hoje não tenho alegrias
Hoje não sou palhaça
Hoje não faço jantar
Hoje não tenho respostas
Hoje não sei quem sou
Hoje não sou grande
Hoje não Sou.

Hoje quero ser criança
Hoje quero ser filha
Hoje quero ser recebida
Hoje quero ser nutrida
Hoje quero ser apoiada
Hoje quero ser mimada
Hoje quero ser orientada
Hoje quero ser amada
Hoje quero ser frágil
Hoje quero ser protegida.

Hoje quero ser Ser.
Sou.

Contradição


A ironia da vida é esta:

Sempre ouvi dizer, fui educada por, com, na condição de.

"Quem diz a Verdade não merece castigo."

No entanto as mesmas pessoas que me ensinaram isto diziam, falavam, comentavam que.

"Jesus foi crucificado para nos libertar"

e porquê?

...Porque dizia a Verdade...

a Verdade é que.:

A Verdade incomoda muita gente.

Cumprimentos,
Sinceros.



sábado, 21 de setembro de 2013

São pequenos detalhes


Hoje vi um post sobre uma casa, linda por sinal mas... essa mesma casa, que outrora foi minha, quando despida de todas as fotografias, coisas e coisinhas, fadas e magia, vida e sub-vida, medos e sombrinhas ficou ... bizarra. São momentos em que a casa nos mostra o que o Ikea vende em formato de um livro.:

"Casas com Alma."

casas não são meros conjuntos de paredes, com tijolos, uns sobre os outros, essas casas são casas.
As nossas casas são Casas. ninhos. Templos. Conjuntos de momentos.
São pequenos detalhes que todos juntos se transforma no Todo.

Hoje abro a minha nova "" (bastante velhinha) janela e recordo que esta bênção do ar quente a entrar, a luz branca, acontece em qualquer lado desde mundo, eventualmente, nem que seja um só dia e cabe-nos a nós sabe-la olhar.

Hoje, o espanta-espíritos que pendurei antes d'ontem, abana pela primeira vez, suavemente cantando os cânticos que só pássaros e ele sabem entoar e eu sei que o que isto se chama é, pura Magia*

Bom dia.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Relaciona-mentes




Projecção

Observando o rumo de 4 vidas paralelas à minha observo o que poderia ser, também, a minha história .

Traição .

A traição pautou seriamente o percurso da minha vida. Sou nascida de um amor "perfeito" perdido e rasgado por traição .

Atenção que traição para mim não é só algo que se faz ou se "usa" a nível sexual, a traição está presente em toda a casa em maior ou menor dimensão .

A traição é quando dizemos sim mas queremos dizer não .

A traição é quando comemos sem fome, quando recebemos sem vontade, quando sorrimos para esconder a dor, quando fingimos que somos grandes quando, no entanto, Somos A pequenez. A traição, para mim, é tudo o que é ilusão .

Há muito tempo que não me traio e sempre que tento fazê-lo, porque às vezes parece-me mais "conveniente", a alma explode-me aos bocados até eu aceitar novamente a minha condição . 

Humana.

Humana nasci, humana morri.

Ontem presenciei um possível divórcio e aquele divórcio fez-me sentir a dor que senti quando era pequena, enquanto filha. O medo de ficar sozinha. O medo de ser esquecida. O medo de ser abandonada e sobretudo uma enorme vontade de morrer por não entender ao que vimos, o que somos, como O somos. Claro que A paixão fora de um casamento faz sentido quando a paixão dentro do casamento deixou de existir... mas quantos de nós perde o amor à vida e o tenta re-encontrar erradamente apenas num pedaço de um "sexo" momentâneo e frio? Isso, isto faz-me olhar o meu matrimónio com verdadeiros olhos de ver. Ainda mais fundo. Vi num relaciona-mento que nem sempre é bom, nem sempre é mau mas É um casamento real, com amor, entre duas pessoas que se olham internamente com olhos de ver.

As vezes a paixão finda, não um pelo outro mas a paixão pela vida e é por isso que me escrevo, me sinto, me exploro, me olho.

Na nossa casa não há ilusão .

Na nossa casa não há mentira.

Na nossa casa há exaustão.

Na nossa casa há depressão mas na nossa casa também há reequilibro, na nossa casa também há perdão e sobretudo na nossa casa há compreensão pelas atrocidades que se dizem ou sentem quando se vive o pulsar violento atroz que é a vida do e no coração .

Os meus amigos abriram-Me portas para entender que é tão fácil projectarmo-nos nos relacionamentos dos outros e aprender com as histórias, construir na desconstrução. Alguns casamentos são efectivamente enigmáticos. Esses, normalmente são sujeitos a mais pressão e é importante em vez de vermos a história do outro vermo-nos na história. Onde nos toca? O que nos diz? O que nos ensina.

Existem uniões especiais, que inspiram, até na desilusão. Estou feliz por aprender através de terceiros o quão fácil é falhar. É algo que está ali ao lado, ao segundo de um minuto. É algo por vezes irreversível, por vezes não. Estamos sempre a aprender sobretudo n'um casamento; crescer é a ordem da vida.

A pessoa a quem eu disse sim, ontem, poderá não ser a mesma pessoa a quem eu direi não amanhã; o importante é evoluir. Acompanhar a Evolução. O importante é observar, conservar, destruir o podre, reconstruir o novo, reavaliar, equacionar, reconquistar, redefinir.

A vida é uma transição de estados de espírito.

Agora estou feliz mas ontem fui Perséfone , desci ao submundo do sub solo para compreender que para sorrir é preciso sentir.

Quem não chora são os mortos e eu, gosto de viver, assumo .

Hoje sei, que eu não quero falhar.
Hoje farei por tentar não falhar.
Que os olhos dos meus filhos vejam sempre a realidade.

Um humano ao serviço da Humanidade.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Habla com ella


Antes de começar a ler, copie o link, aplique no google e faça play .:

https://www.youtube.com/watch?v=bJSWsX-bDBI

Estou consigo.

10.10.2013

Hoje.

Hoje levantei-me.
Lavei a cara de uma forma quase mecânica.
Ouvi a palavra mãe 50 vezes, atendi mas não respondi.

Hoje.

Hoje levantei-me.
Lavei quatro pequenas caras,
Dois pequenos rabos.
Vesti quatro pequenos corpos.
Fiz as camas e desci.

Hoje.
Deixei-os na escola.
Dei-lhes um beijo demorado, um abraço longo e um "até já" prolongado.
Enfiei-me no carro e desci a serra rumo ao mar, passei pela floresta, desliguei o radio, atendi o telefone, desliguei o telefone, mudei um rabo, estacionei o carro, disse olá, bebi café, encaminhei contactos, ouvi um desabafo, bebi mais um café, pensei em adeus, sorri a Deus, julguei um bocado, fui ao médico, despi um pequeno corpo, mudei-lhe outra fralda, ouvi-o rir, vi-o sorrir, passei-o um bocado, enfiei-me no carro, subi um bocado, passei pelo cabo, desliguei o telefone, desliguei a rádio, escutei a mente, ouvi um gargalo, um gracejo, um regalo, conduzi mais um bocado, subi a serra, aliviei os ombros, massajei a testa e sorri um bocado.

hoje...

Hoje sonhei com vários dias em cadente frequente.
Fui ao supermercado, abasteci a casa, carreguei sacos, apanhei três crianças, abracei-as longamente, sonhei um futuro, temi um percalço, afastei o medo, continuei.

Lavei quatro corpos, esfreguei cabelos, amaciei-lhes a pele, vesti-lhes pijamas perfumados, ouvi 300 vezes a palavra mãe, atendi-lhes aos pecados, sorri, não respondi, fiz a massa, misturei o tomate com a amêndoa pelada, apanhei manjericão, afinei o azeite puro, estendi-lhes os braços, servi-lhes os pratos, levantei-lhes a mesa, contei uma historia, ofereci-lhes o colo, passei-lhes a mão pelos cabelos, rezei-lhes uma oração, fechei as portas, as portadas, as janelas, reguei o jardim, alimentei os gatos, atendi o telefone, desliguei o telefone, arrumei a cozinha, preparei as mochilas, sentei-me no jardim, liguei a musica, respirei e escutei-me.

Sou feliz. assim.

https://www.youtube.com/watch?v=bJSWsX-bDBI


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Vidas Passadas


Na minha "vida passada", como se costuma dizer, editei dois livros.

Des.Ventrado e Ensaio à Purificação.

Foram projectos experimentais, cujo o sucesso foi algo extremamente relativo.
Arreliou-me porque me fez sentir diminuída, esmagada, frustrada.

Fez-me sentir o que muitas amigas e colegas minhas experimentam a nível profissional,
em que se publicitam, divulgam, criam, sempre em vão.

Não tenho o hábito de divulgar o meu trabalho, ironicamente, e até sei que a maioria das pessoas não faz ideia do que faço, mas eu sei e isso é o quanto me basta; enquanto tentei divulgar o que fazia só afastava mais e mais as pessoas da minha vida, quando deixei de querer saber passei a atrai-las. 

O serviço que é realmente BOM vai "à praça" e fica nela porque chega às casa de boca em boca, não me lembro de escolher o Dr. Wolker como pediatra dos meus filhos porque vi cartazes dele no metro, ou porque ele me convidou a ir ás suas consultas por eventos, lembro-me que O escolhi porque muitas pessoas me disseram bem dele e essas mesmas pessoas pagam efectivamente pelas suas consultas, então, SE essas mesmas pessoas que pagam são Aquelas que O publicitam é porque ele deve ser realmente bom ( e é-o).

Hoje em dia o que faço como trabalho é o meu mistério e dos meus, não quero publicidade, e só aceito contactos em primeira mão; quanto à escrita, que tanto tentei divulgar para "ser" escritora, essa dissolveu-se no manto que sou eu, quis até queimá-la numa fogueira viva, tentei, experimentei, varias vezes, num insucesso maior do que o de continuar a escrevê-la; acontece que escrevo porque tenho de escrever, é uma necessidade fisiológica, uma necessidade da alma.

Se parar de escrever morro. Ponto. 
Sinceramente já nem quero saber se me lêem ou não mas fico feliz quando sinto que sim, que serve para alguma coisa este meu excremento de ser.

Partilho porque partilho absolutamente tudo.

Partilho porque sou filha única da minha mãe e sempre quis muito ter irmãos e amigos com quem poder brincar.

Partilho porque NÃO SEI fazer mais nada senão partilhar...

Quero conversar, 
Quero conhecer-me... 
Quero oferecer o pouco que sei mas que é absolutamente tudo o que tenho para dar...

A minha antiga editora disse-me num determinado ponto, em tom de critica, que a minha escrita era para uma pequena franja de pessoas. Na altura fiquei magoada, confesso. Hoje, ontem, antes de ontem, quanto mais leio o que se escreve e edita por aí fico mais sossegada, não me interessa se escrevo para franjas, até porque sempre adorei franjas no sentido literal da palavra, o que me interessa é que escrever me alivia a alma, me ajuda a contactar com o mundo, a compreender Quem Sou, onde estou e ao que vou. 

O que me interessa não é escrever palavras novas até porque acho que não há nada de novo para escrever, o que ME interessa é o impulso do pulso que não sossega, a alma que não se acalma, o sangue que não para de escorrer, em mim, por mim... para mim. 

Escrevo aquilo que sei para não me esquecer. 
Todos caminhamos para velhos e as coisas engraçadas de se ler são boas porque nos servem para rir mas o que eu escrevo só serve para isto, para não nos esquecermos.

Serpente que me sobe o corpo numa demanda.

Boca que se abre num só esguiço, gesto absolutamente mudo. 
As crianças ainda não me sabem ouvir, então escrevo, imprimo, talvez um dia, um deles, ou quem sabe um neto, há-de me saber apreciar e ouvir, até lá reforço o pensamento, publicidade para quê ? o que é bom é eterno o que é vendido é quase sempre sol de pouca dura. Eu quero morrer velha, muito velha e escrever até morrer.

...

amo-te meu marido.
O único que me lê.