quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Terroristas? Somos seis...


Absurdamente cansada, exausta do bombardeamento interno de chamadas, conferencias, emails, estados facebookianos, que milhares de pessoas fazem, gratuitamente, do mesmo post em loop. Se há coisa que aprendi em pequena foi; não se discute sobre política, religião e mais tarde; futebol... 

Sobre futebol ainda me atrevo a mandar uns piropos sob o grande risco de parecer ser mal-educada (que sou:) Desculpe minha mãe...) unicamente porque consigo admitir que desconheço, completamente, coisas "verdadeiramente importantes" sobre esta "arte"ancestral de uma pequena bola rolar entre pernas musculosas ( A popularidade deste desporto é unicamente por causa dos músculos, não é?)  Confesso que tudo isto me faz rir , agora sobre resto, discutir religião e política... Mas está tudo doido?!!! 

Hoje tive de chegar ao ponto absurdo de fazer um post hiper agressivo sobre este assunto. Muito no género americano  (Excuse my french...) FUCK UP AND DIE! Como quem diz "Não aguento mais..." 

O que se passa na Síria é tão visceralmente doloroso que é mesmo necessário ir mais além com teorias conspirativas entre pessoas que mal conseguem gerir o seu próprio dinheiro caseiro? Achamos nós que a porcaria das redes sociais influenciam as grandes carolas da guerra!? Achamos mesmo que eles passam horas a fazer "likes"?!! 

Toca a crescer pessoal! Eu inclusive... As redes sociais servem para nos influenciarmos uns aos outros, é o novo ópium do povo, por favor, usem-nas bem!

Estamos aqui para propagar novos estilos de vida, melhores e mais divertidos (sobretudo saudáveis e ecológicos) o resto é fantasia. Acreditas mesmo no Pai Natal gordo vestido de homem "coca-cola" a descer a chaminé com ratos, pombos e morcegos duvidosos?

É que se é para influenciar que o façamos no amor... 
O que queres ensinar aos teus filhos? Guerra ou amor?

Eu voto CLARAMENTE no Amor...

sábado, 5 de setembro de 2015

Origens



Faz sete dias que uma das minhas filhas fez anos, o meu pai, como bom anfitrião que é trouxe-nos duas garrafas de monte velho, colheita de 2006. Ninguém mais, além de mim, bebe vinho nesta casa... Eu bebi.

A noite caiu mas eu permaneci. A noite caiu como tudo cai nesta vida e é na grande queda que nos apercebemos que há coisas que não caiem no jardim. 

A toupeira saiu da sua toca, a coruja gritou junto da janela do meu quarto, os sapos retornados invadiram a piscina e o Ernesto, o gato, fez amor com uma felina na relva do nosso jardim... Eu não só soube chorar como me rendi totalmente ás emoções e compreendi, precisamos tanto de chorar...

A vida é um perfeito milagre feito de enormes prespectivas se nos entregarmos a ela.

Essa sou eu, verdadeiramente, dentro de mim.

Menos guerra. Mais amor, por favor...


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Estatuto antigo de "ser" Mulher.


Quero escrever desde o dia em que nasci mas em vez de livros deram-me "Nenucos". Á minha volta todas as mulheres cuidavam de crianças e quem não cuidava era, no mínimo, "maluca".

Quero escrever desde o dia em que nasci mas em vez de livros deram-me crianças (...)

Barreiras a quebrar? Inúmeras.
Nasceram quase todas miúdas...

Consciente colectivo ao rubro.

Mulher vulcão com um braço canhão. CABUM! Libertação!
Podemos ser tudo miúdas! Podemos ser tudo, "miúdas"...

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Quanto tempo tem de passar para o tempo deixar de passar?


Arrumar a casa implica arrumar o computador. Esvaziar pastas que já não interessam e encontrar outras recheadas de coisas que não se voltam a repetir.

Quando é que os nossos filhos param de crescer e com que direito eu, mãe, mantenho o desejo recalcado mas aceso de os querer, eternamente, como "meus"?

Olho á minha volta para conferir que ninguém me vê chorar. O ridículo que seria ouvir a voz de galo do mais velho a dizer em tom de gozo "Lá está a mãe com as suas mariquices outra vez..." E não é que não está?!

Lá está a mãe agarrada aos álbuns antigos a andar para a frente e para trás, incrédula, com tudo o que tivemos a capacidade de construir mas também de destruir. Tudo o que foi e já não volta mais... Só as mães e os pais é que sentem isto, não é?

Será que erramos em algum momento do seu desenvolvimento?

Notamos através das fotografias antigas quando é que as crianças perdem a sua divina ingenuidade, quando é que estes sorrisos inexplicáveis se esgotam no tempo e raramente regressam. A motivação para sorrir actualmente já não é a de "só" olhar para a mãe que lhes estende os braços. Agora o maior desejo é o de ir dormir a casa de "não-sei-bem-quem", fazer uma matiné-maratona de cinema ou acampar com os super-hiper-cools escoteiros e nós, pais? Onde é que nós ficamos na história do crescimento humano?

Claro que eu sei que só somos pais eficientes quando deixamos de ser necessários mas o humano é talvez sempre assim, não? Um misto entre a nostalgia e o egoísmo. Eu confesso. Eu queria-os mesmo só para mim! Queria enfia-los de volta na minha barriga. Enche-los de beijinhos para lhes arrancar aquelas gargalhadas de bebé que nos enchem o peito. Eu queria... Eu juro que eu queria! Confrontada com a dura realidade de tudo isso ser impossível imprimo uma ou duas fotografias e colo-as na parede da nossa sala, bem em frente á mesa de refeição, limpo as lágrimas gordas e "saco-lhes" um beijinho enquanto me dizem " Então mãe? Não vê que eu estou a ler?!"

Eu sei que os miúdos ainda me amam mas eu já não sou a coisa mais importante dos seus mundos... Eles crescem e vão, tal qual dizia o grande profeta Khalil Gibran, " Os filhos são flechas que vêm ao mundo através de nós, mas eles não nos pertencem em momento algum"...

Respiro fundo, pressiono o "Publicar" e rezo para encontrar mais mães no mundo que não me condenem por me sentir assim, mães que não me passem fracas receitas sobre o que deveria ser ou deixar de ser mas que apenas me passem a mão no ombro, sorrindo e digam; "Eu compreendo. Eu já me senti igual..."

Um bem haja a todas as mães que criaram os filhos de forma a serem autónomos, responsáveis e sobretudo livres*

domingo, 23 de agosto de 2015

Cabeça feita em água.


O último post que escrevi data Dezembro do ano passado. Os dias passaram a correr, as noites passei-as sem dormir. Entrei num projecto de cabeça, entreguei-lhe o corpo mas sobretudo esvaziei nele a alma, não me arrependo de nada mas a vida continuou e nem tudo o que dei foi devidamente reconhecido ou recompensado o que me leva a aterrar, de mãos vazias, no centro de mim.

Estive muito tempo longe, ou melhor, perto de outras coisas... Cresci. Chorei mas também ri.

Os miúdos? Os miúdos cresceram. A Paloma é agora um ser vivo praticamente autónomo, a Paz apaixonou-se, o Bernardo tornou-se ateu. A Carminho? A Carminho já tem três anos, está naquela fase do ser e não ser. Enfim; tudo se transformou mas nada se perdeu.

Mudamos novamente de casa, sim. Possivelmente a última das sete mudanças nos últimos onze anos (espera-se:) e eu não estou nem feliz, nem contente, nem triste. Encontro-me naqueles retornos de Saturno em que " ou vai ou racha" e o que rachou foi, de facto, a exigência. Confio mais que nunca. Confio no que a vida me dá e também confio no que a vida me leva. Observo, sentada, tudo o que me rodeia deixando crescer em mim todos os sonhos do mundo, alimento quem me quer bem, liberto quem me faz mal. Sorriu... Ás vezes também choro mas sobretudo respiro e quanto mais respiro mais tenho a certeza que não há tempos perdidos, experiências em vão, nem tão pouco existe o mito da desilusão é tudo o que é, quando é, porque é. Está tudo certo quando paramos de avançar de frente contra a vida e nos limitamos a nadar com a maré.

A vida é isto, não é? Um barco á vela em alto mar e hoje o mar está calmo...


domingo, 21 de dezembro de 2014

Nesta casa.


Nesta casa não há ninguém feliz.

Deixei de escrever por isso mesmo. Não quero causar falsas impressões sobre essa merda da felicidade. Acho deprimente famílias que se promovem como patetas felizes, gente que não se pensa, que não se vê.

Nesta casa acordamos com mau aspecto, olheiras até ao chão, cabelo enrolado em ninhos de ratos com ganchos invisíveis lá dentro, perdidos. Nesta casa choramos todos os dias, ralhamos e gritamos, nesta casa também fazemos as pazes, choramos e abraçamos; repomos e compomos, tentamos de novo; aspiramos e arrumamos; cuidamos e às vezes (muitas vezes) não temos paciência para fazer bolachas de Natal e compramos areias já feitas no Gregório. Nesta casa zangado-nos e regateamos.... Esta casa é uma casa em construção, com paredes e chão mas sobretudo com telhados de vidro.

Há muito tempo que não escrevo.
Há muito tempo que não estou em mim.

Lamento minha casa.
Lamento por mim.

voltei
Acho eu. ACHO que estou Aqui*


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Escravatura


Somos todos escravos de uma imagem mas quão escravos dessa imagem queremos ser?
Perseguimos sonhos antigos, o que admirávamos, o que queríamos ter sido, mas quanto desse sonho nos amarrada a uma ilusão que nunca será o que realmente somos? Será que a saga que nos ocupa a mente nos impede de viver o presente inteiramente ?

Hoje não quero saber do que sonhei na adolescência, ainda que tudo me pareça puro, alcançável e sincero. Hoje liberto as cordas que me prendem ao passado , liberto-me de tudo o que projectei para mim, não porque desisto mas porque me sinto verdadeiramente viva e livre. Enquanto me ocupo desmesuradamente a tentar ser o que imaginei ser não abro espaço a novos mundos, fico enclausurada em mim. Desligo da ficha. Entrego-me ao berço do criador e deixo que ele faça de mim o que lhe apetecer.

( à Filipa , pequena e maravilhosa leitora e seguidora deste blogue simples e caseiro; que as nossas almas possam sempre voar rumo ao desconhecido )