domingo, 23 de agosto de 2015

Cabeça feita em água.


O último post que escrevi data Dezembro do ano passado. Os dias passaram a correr, as noites passei-as sem dormir. Entrei num projecto de cabeça, entreguei-lhe o corpo mas sobretudo esvaziei nele a alma, não me arrependo de nada mas a vida continuou e nem tudo o que dei foi devidamente reconhecido ou recompensado o que me leva a aterrar, de mãos vazias, no centro de mim.

Estive muito tempo longe, ou melhor, perto de outras coisas... Cresci. Chorei mas também ri.

Os miúdos? Os miúdos cresceram. A Paloma é agora um ser vivo praticamente autónomo, a Paz apaixonou-se, o Bernardo tornou-se ateu. A Carminho? A Carminho já tem três anos, está naquela fase do ser e não ser. Enfim; tudo se transformou mas nada se perdeu.

Mudamos novamente de casa, sim. Possivelmente a última das sete mudanças nos últimos onze anos (espera-se:) e eu não estou nem feliz, nem contente, nem triste. Encontro-me naqueles retornos de Saturno em que " ou vai ou racha" e o que rachou foi, de facto, a exigência. Confio mais que nunca. Confio no que a vida me dá e também confio no que a vida me leva. Observo, sentada, tudo o que me rodeia deixando crescer em mim todos os sonhos do mundo, alimento quem me quer bem, liberto quem me faz mal. Sorriu... Ás vezes também choro mas sobretudo respiro e quanto mais respiro mais tenho a certeza que não há tempos perdidos, experiências em vão, nem tão pouco existe o mito da desilusão é tudo o que é, quando é, porque é. Está tudo certo quando paramos de avançar de frente contra a vida e nos limitamos a nadar com a maré.

A vida é isto, não é? Um barco á vela em alto mar e hoje o mar está calmo...


2 comentários:

  1. Que bom ter-te por aqui outra vez. Nada se perde, tudo se transforma e o tempo, esse, não pára nem se compadece. Quero ler mais. Beijinhos

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