quinta-feira, 27 de junho de 2013

Desa-bafO


Quando se é mãe de tantos "perde-se" tempo para ser/estar funcional aos olhos de alguns, é natural haver reacções diferentes em relação à maternidade. Hoje, em troca de ideias com uma boa amiga que com muita lógica e sanidade mental explicava, em voz alta, os vários motivos para escolher nao voltar a ter filhos; Motivos válidos atenção, sábios até; Ter de trabalhar menos horas. Voltar ao processo estica-engorda. Dificuldades com o assunto parto/amamentação/primeiros meses, regresso ao "caos", mais hipóteses de traumatizar mais um ser com a descida à vida , etc, etc. Eu ouvia com interesse enquanto um bebe gritava à procura de maminha, outro fazia birrinha por falta de atenção (que estava totalmente presa ao/no telefone) e outros dois discutiam que jogo ir buscar, que brincadeira iniciar, enquanto o barulho de fundo emergia eu pensava, anH anH... Talvez tenha sido totalmente maluca ao deixar descer mais um... Talvez talvez ( dúvida já antiga) e despedi-me a confirmar... Pois, é realmente caótico ... Um acto de inconsciência ou de muito Boa vontade. ... Quando desliguei, já em piloto automático, tinha sentado a mais nova a dormitar no baloicinho, estendido um bolacha de água e sal à segunda (porque celebramos a semana com uma viral gastro) e estendido uma cartolina para desenhos com lápis de cera à descrição... Subitamente a primeira berra assustada porque ficou sozinha e eu corro de volta para a acudir; ela Olha-me, vê-me ( ok, e até aqui isto nao é novidade) e, e aqui é que vem a magia do meu dia; esboça o seu primeiro enorme e consciente; sorriso como quem diz: Mae! Estás aqui *... E naquele momento tive a certeza absoluta sintética e analítica de que, onde há amor, casais unidos na e pela verdade (não na ilusão) família e amigos há absolutamente tudo para criar seres felizes. Traumatizados ou não pouco importa (é melhor nao abusar desta teoria mas...) porque ;) podem SEMPRE fazer terapia e curtirem o SER precioso que receberam de presente para SER e com este pensamento piso o chão pé ante pé, segura, feliz até que sinto um nhacK absolutamente nojento debaixo de mim ... Era um coco completamente liquido da Carminho que com a introdução à escola celebra festivais do rock&rio dentro do pequeno intestino... Haja paciência, pensei a sorrir, a Maria da Paz olha-me e diz-me seriamente .: 

- Nao vale a pena nos chatearmos com essas coisas; limpa-se e continua-se o caminho.

E com 5 anos de vida  mostra o quanto também ela, à sua maneira, sabe exactamente como se deve viver a sua vida e Para rematar ainda acrescenta sobre a minha.:

- Vá! A mãe precisa é de um café...

segunda-feira, 24 de junho de 2013

No dia em que eu morri






22 de Junho . 16.45 h



No dia em que eu morri eu tinha trinta e dois anos quatro filhos e apenas um marido. Estava de férias, em luta interna, no interior do Alentejo . 


Sem saber o que fazer com o tempo que sobeja quando não há rede telefónica. A regressar às origens onde nunca pertenci. A relembrar o que fui mas que nunca esqueci. A Carminho acordou da sesta a berrar . 

Berrava na sesta como ja berrava de há umas noites para cá. Ouvi-lhe o desespero junto da voz do meu marido, cansado, ralhava-lhe comedido.:

"Não faças fita, que refilona..." E foi aí, exactamente aí, que abri a porta e vi; a criança semi-adormecida, chorava mas de olhos fechados, agarrada ao peito tal qual uma viúva antiga, peguei-a ao colo, encostei-a a mim e entendi o que hoje escrevo; naquela tarde morri. 

A minha bebé perdeu a ingenuidade e eu não o vi. O nascimento da Irmã, ainda recém-nascida, partiu-lhe a alma, rasgou-lhe o peito e a criança n'ela, chorava, berrava, olhos fechados. pesadelos... Falei-lhe.: "Perdoa- me minha querida filha..."  tudo se desenlaçou; ela confiou; permitiu-se sentir tudo e ainda mais; Afundada numa tristeza insólita, os olhos fechados revelavam-lhe os medos. Medos internos. Medos de me ver partir... chorou e chorou; não uma nem duas mas três vezes, sempre Comigo e eu Com ela; Com ela, para ela e por ela. Fechamos o circulo e no fim suspiramos e sorrimos, conseguimos. acho que realmente conseguimos enterramos a culpa para lá do sol posto  e adormecemos já de noite e de mão dada .

Hoje e para sempre a tua nova mãe. Mais atenta e tua amiga.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Miss Tilly & I



Cruzo-me com a Miss Tilly dezoito anos depois de a ter conhecido como Joana. 
A Joana era uma menina lindíssima do meu Colégio, uma criança amada e apoiada, cresceu saudavelmente criada como uma verdadeira princesa; "era" porque quis a vida pregar-lhe uma enorme partida e levar-lhe um pedaço da alma; com o falecimento do pai a Joana morreu e enterrou-se mas fez-se renascer, uns tempos depois, sob o nome de Miss Tilly; 
Miss porque a jeitosa "menina" é boa rapariga mas estranhamente "descomprometida" e Tilly não sei bem porque... (UPS...esqueci-me de perguntar) ... 

O importante aqui é que Ela escolheu fazer da história da sua vida um BOM fim usando as suas mãos de fada para com elas nos enfeitiçar e tecer; criando diariamente; bordando e cozendo autênticas peças de Arte que fazem das nossas filhas VERDADEIRAS fadas aladas.

Por isso "mães" e avós, se fez os seus filhos/netos entre sonhos e promessas de amor não pode deixa-los continuar a crescer sem lhes vestir, nem que seja por uma só vez, um destes fofos mágicos porque descobrirá que mesmo entre birras, ranhos e rabos sujos vai continuar a ver o melhor que há em cada um neles. Sejam Irmãs ou Irmãos, juntos ou separados, é certo e bem sabido que ficarão de parar o trânsito com tantos molhos e folhos sobre os rabos, braços e sorrisos e NEM pense que é só para os fraldados porque esta fada cria para as meninas bem crescidas, daquelas que normalmente embirram com as roupas que a mãe escolhe (como a minha) e garanto que como por magia estas peças se revelam mal abrimos a encomenda; até as meninas mais ariscas acham piada em vesti-las porque trazem um cheiro ancestral, um misto de tangerina com pó de talco à moda antiga e depois os detalhes...OH DEUSES...OS DETALHES!!! Não têm PONTA de erro mas ao mesmo tempo sente-se, vê-se perfeitamente que São peça únicas, cortadas à mão e cozidas por medida numa singer bem antiga. Caras? Parece-me que não porque crescem com elas e passam de irmã em irmão, basta mudar-lhes um botão ou descruzar as alças.

Enfim...Estou perigosamente enfeitiçada, é verdade e bem sabido!
Estas peças, nas minhas filhas, fizeram-me curar a ferida antiga de que "demais" pode ser demais... AQUI NÃO HÁ DEMAIS!! Agora tenho cada vez mais a certeza que o cor-de-rosa e o folho NÃO é necessariamente piroso quando se TEM bom gosto; é simplesmente FOFO* e faz bem ao coração; apetece-nos apertar, beijar e CUIDAR cada vez mais e melhor os nossos filhos.

Aconselho...?

DOU CORPO AO MANIFESTO!!!

VIVA A TILLY QUE EMBELEZOU A NOSSA VIDA ; 
QUE HAJA UM FADA EM CADA CANTO DA NOSSA ALMA.


Palavra desta mãe.

https://www.facebook.com/misstillyhandmade?fref=ts

sábado, 15 de junho de 2013

Excessos


Há uns anos atras eu era outro tipo de "gente", costumo referir-me a este tempo como uma outra vida; produzia imenso, até demais, pensava em coisas muito complicadas, tão complicadas que até deprimia e saia; muitas vezes e em excesso; existia assim, dentro de mim e de um hemisfério colectivo muito comum mas muito agressivo, competitivo e diferente do que hoje ESCOLHO COMO UMA OPÇÃO DE VIDA, a troca fez-me aprender a sorrir mais, a deixar de perder cabelo, a ter a pele mais macia e a criar com outra consciência pedaços de arte e de uma nova vida ; hoje educo (me); faço a gestão do meu lar com menos entraves mas confesso que não me arrependo de nenhuma fase, nem mesmo dessa "adolescência maluca" que há muito partiu; porque sempre ME atrevi a VIVER e a CONHECER todo o tipo de mundos hoje recolho os meus frutos, sei Ler pessoas e escrever sobre elas e foi neste contexto que conheci a maravilhosa realizadora Maria José Monteiro que sabiamente "espremeu" o melhor de mim deixando-me apaixonada por esta nova proposta e possibilidade de trabalho cujo o primeiro "afilhado" foi batizado com o nome "leite & mel"; com as minha palavras pautadas (e reconhecem-nas bem quem conhece o meu trabalho) intercaladas com as d'ela numa curta que apanha pedaços de três gêneros de vida que se vivem muito e ainda "do outro lado do espelho"; um mundo paralelo à paz que agora conheço mas um mundo absolutamente mais REAL do que o meu, este trabalho fala de pedaços de escolhas, consequências diretas e indiretas de actos, ironias, belezas e tristezas. Existe uma página "facebookiana" com um "cheirinho" desta peça que aceita o vosso like porque o trabalho permanece no forno para que a sua estreia seja memorável e exemplar.

Da minha parte " Um mega LIKE" e da tua? Espero que também.

https://www.facebook.com/pages/LEITE-E-MEL/289665517832339?fref=ts

Purga



Confesso que há muito tempo que pondero escrever sobre este tema mas há muito tempo também que me prendo porque não sei escrever coisas cor-de-rosa e indiretas quando os temas SÃO quentes...

Incomoda-me MUITO a pressão social, interna e emocional que a sociedade exerce sobre os nossos corpos. incomoda-me ter sido mãe 4 vezes em sete anos e ter a sensação de que se não recuperar a minha forma física imediatamente sou uma espécie de falhada. Cheguei, em tempos, a ir a um excelente médico muito conhecido a nível alternativo que me disse que engordar demais nas gravidezes ou em épocas difíceis é sinal de fraqueza emocional, e é-o, sei mas... e Há sempre um MAS; há um limite entre a saúde humana e o corpo perfeito de yoguin/kate moss que nos distingue; entre o paranóico compulsivo e a pessoa feliz. Os corpos não se comportam todos da mesma forma e CLARO que não apoio o desleixo que induz a depressão. 20 quilogramas a mais não é ser-se gordinho é ser-se irresponsável a nível de saúde mas a minha questão vai além disso... No mundo de onde venho e de onde parti existem pessoas que sentem que é normal ter o mesmo corpo aos 40 e aos 30 que se tinha aos 20 e aos 16; são pessoas que vivem na busca incansável de uma dita perfeição que julgo que nunca conheci, sentem/acreditam que ter uma pinga de celulite é a morte, que ter uma barriga suave e meiga é sinal de que "tudo" está perdido e eu questiono-me se quero viver numa sociedade de serviço sexual constante... Se quero participar nesta paranóia coletiva de gente xoné em que as mulheres de 40 se apresentam como miúdas de 16 e acham que estão, efetivamente, no seu melhor; colaborando para um mundo onde os pedófilos esfregam as mãos porque apesar de terem o "cerco" fechado e dificilmente porem as mãos nas adolescentes podem, facilmente, por as mãos nas mulheres ditas "adultas" e idealizar, de olhos fechados, as suas menininhas... enfim... era por isto que eu não queria escrever sobre este tema, porque vai levantar pó em certas mentes mal varridas e provavelmente "ódio" em relação à minha pessoa mas quando penso nas várias vítimas mentais, emocionais e espirituais como eu (em escala muito mais pequena nos dias de hoje, confesso) ganho força e atiro-me para a frente; roguem-me pragas que o Universo devolve-as a triplicar...

SIM, É VERDADE! Acho que o culto do corpo levado ao extremo É doença, torna as pessoas ridículas, é triste e muitas vezes perigoso.

As meninas devem ser meninas, as mulheres mulheres e as senhoras senhoras, existe um tempo para tudo e o tempo mais difícil de entender é o tempo de aceitar; aceitar o que se É e o ponto em que se está.

EU estou aqui, tenho a sorte genética e também temporal (porque a idade ajuda ou não) de fazer gravidezes suaves e voltar à "forma" saudável muito facilmente mas já não tenho o meu corpinho de 16 e não vou mais procurá-lo loucamente, aceito as palavras sábias da minha prima Marta.:

" - GORDA!!!? Não estás gorda, estás a ficar com corpo de Mulher!"

Foi assim que aos 32 me fiz gente decente, com curvas*

Palavra de Mãe Feminina.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Auto Estima


Vejo a Pazinha passar no corredor, agarro-a, dou-lhe um beijinho no nariz redondo e digo:

- Gosto de ti do fuuuundoooo do coração .

- Do fundo do coração ? - pergunta indignada - porque não do coração inteiro e até por fora?!

terça-feira, 4 de junho de 2013

Uma conversa desconversada curiosa


Uma amiga verdadeira com alma de múltipla parideira disse-me.:

- Tem cuidado com os raios ultravioleta.

Nao sei porquê saiu-me como resposta:

- Sou imune ao medo da morte.

- Eu não... Sobretudo se for dolorosa.

- Se for dolorosa mato-me primeiro.

E foi assim que entendi que cheguei aquela altura do ano em que tenho de esvaziar a alma sobre o formato de um conto.

Vou-me.

Palavra de mãe de 4 cansada mas ainda aspirante lunática a escritora 

Acordar a meditar


Hoje acordei com uma voz doce e mel a entrar na minha casa e em nenhuma molécula do meu ser senti isso como uma invasão; e agora passo a explicar a importância deste detalhe; acordar para mim é algo mágico mas complicado porque volto do universo real e palpável dos sonhos muito mexida ; nao é à toa que toco didgeridoo em tempos de crise emocional; o outro lado da almofada trabalha-me, normalmente, quando regresso preciso de silêncio e voltar devagarinho; interagir nem que seja 4 segundos comigo mas Esta voz trazia com ela pés e subia as escadas devagarinho provavelmente a pensar..:

- Estarão todos a dormir??!

E estávamos ... Seis almas a descansar. O despertador tocou efectivamente uma hora antes mas o pai Jo desligou-o porque as noites interrompidas têm isto nos dias de folga... "Só mais um bocadinho... Vá lá..." E o lá vai, vá lá funciona muito bem comigo quando não tenho trabalhos marcados; hoje tinha algo agendado; algo muito importante mas talvez por ser a primeira vez ao domicílio fiquei baralhada, ensonada e confusa e desliguei: Chama-se meditação das fadas da Mónica Magano, ex-professora dos nossos filhos na antiga escolinha, quiseram os caminhos e as distâncias mudar-nos mas as coisas muito boas têm de permanecer e assim chegou ela; de pantufas levíssimas, num dia perfeitamente normal mas de início anormal... (*)

- bom dshiiiaaa - dizia ela no seu tom de chocolate abrazileirado - boooom dshiiiia...

E o bom dia deu-se, de facto, e assim, voltamos dos sonhos como de um mergulho fresco numa piscina numa bonita manhã de sol, sem stress, sem medo, como se fosse a coisa mais natural do mundo, foi* o início de uma nova vida; a nossa; a minha; com melhores Hábitos e uma maior educação. Para mim a escola vale muito mas a meditação faz parte da vivência de uma saúde mental. Obrigada Mónica por tão bons serviços e por fazeres da tua reEntrada um pedaço de magia infinita.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Psicologia barata


Existe um terrível hábito social que se passou a chamar nesta casa "a teoria do coitadinho".
"Coitadinho" porque é pequenino; coitadinho porque não consegue abotoar o casaco; 
Coitadinho ... Coitadinho ... sobretudo porque teve um irmãozinho. (...) 

Mas Coitadinho porquê???! - Questiono. 
Recolho milhentas teorias no cabeleireiro, do professor de ténis mas sobretudo das vizinhas velhinhas; tudo pessoas altamente informadas sobre a criança em questão e a sua dinâmica familiar; ora... uma teoria da "treta" engole-se bem mas uma conspiração de teorias funciona tal Qual uma espinha na garganta; perante a minha frustração exponho o meu problema directamente aos lesionados e à volta da mesa do jantar debate-se a derradeira questão.:

Vocês estão bem ou sentem-se de facto uns coitadinhos???

Qual o meu espanto quando a teatral mártir Maria da Paz atira para o ar com enorme convicção .:

"- Coitada é da mãe que tem essa gente toda para aturar."

... De facto ...

Para quê complicar? 


O final da ilusão (?)



A ingenuidade dos 5 anos versus o abrir para a vida dos 7..:

Perante a minha constatação de que me esqueci de fazer o almoço para amanhã a MariaPaz diz.:

- Não tem mal mãe; "eles" dão-nos.

O Bernardo ri-se e contrapõe... 

- Dão-nos??? Alguém tem de o comprar.     

(...) não sei se ria ou se chore.

Palavra de mãe