sábado, 15 de junho de 2013

Purga



Confesso que há muito tempo que pondero escrever sobre este tema mas há muito tempo também que me prendo porque não sei escrever coisas cor-de-rosa e indiretas quando os temas SÃO quentes...

Incomoda-me MUITO a pressão social, interna e emocional que a sociedade exerce sobre os nossos corpos. incomoda-me ter sido mãe 4 vezes em sete anos e ter a sensação de que se não recuperar a minha forma física imediatamente sou uma espécie de falhada. Cheguei, em tempos, a ir a um excelente médico muito conhecido a nível alternativo que me disse que engordar demais nas gravidezes ou em épocas difíceis é sinal de fraqueza emocional, e é-o, sei mas... e Há sempre um MAS; há um limite entre a saúde humana e o corpo perfeito de yoguin/kate moss que nos distingue; entre o paranóico compulsivo e a pessoa feliz. Os corpos não se comportam todos da mesma forma e CLARO que não apoio o desleixo que induz a depressão. 20 quilogramas a mais não é ser-se gordinho é ser-se irresponsável a nível de saúde mas a minha questão vai além disso... No mundo de onde venho e de onde parti existem pessoas que sentem que é normal ter o mesmo corpo aos 40 e aos 30 que se tinha aos 20 e aos 16; são pessoas que vivem na busca incansável de uma dita perfeição que julgo que nunca conheci, sentem/acreditam que ter uma pinga de celulite é a morte, que ter uma barriga suave e meiga é sinal de que "tudo" está perdido e eu questiono-me se quero viver numa sociedade de serviço sexual constante... Se quero participar nesta paranóia coletiva de gente xoné em que as mulheres de 40 se apresentam como miúdas de 16 e acham que estão, efetivamente, no seu melhor; colaborando para um mundo onde os pedófilos esfregam as mãos porque apesar de terem o "cerco" fechado e dificilmente porem as mãos nas adolescentes podem, facilmente, por as mãos nas mulheres ditas "adultas" e idealizar, de olhos fechados, as suas menininhas... enfim... era por isto que eu não queria escrever sobre este tema, porque vai levantar pó em certas mentes mal varridas e provavelmente "ódio" em relação à minha pessoa mas quando penso nas várias vítimas mentais, emocionais e espirituais como eu (em escala muito mais pequena nos dias de hoje, confesso) ganho força e atiro-me para a frente; roguem-me pragas que o Universo devolve-as a triplicar...

SIM, É VERDADE! Acho que o culto do corpo levado ao extremo É doença, torna as pessoas ridículas, é triste e muitas vezes perigoso.

As meninas devem ser meninas, as mulheres mulheres e as senhoras senhoras, existe um tempo para tudo e o tempo mais difícil de entender é o tempo de aceitar; aceitar o que se É e o ponto em que se está.

EU estou aqui, tenho a sorte genética e também temporal (porque a idade ajuda ou não) de fazer gravidezes suaves e voltar à "forma" saudável muito facilmente mas já não tenho o meu corpinho de 16 e não vou mais procurá-lo loucamente, aceito as palavras sábias da minha prima Marta.:

" - GORDA!!!? Não estás gorda, estás a ficar com corpo de Mulher!"

Foi assim que aos 32 me fiz gente decente, com curvas*

Palavra de Mãe Feminina.

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