quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Vidas Passadas


Na minha "vida passada", como se costuma dizer, editei dois livros.

Des.Ventrado e Ensaio à Purificação.

Foram projectos experimentais, cujo o sucesso foi algo extremamente relativo.
Arreliou-me porque me fez sentir diminuída, esmagada, frustrada.

Fez-me sentir o que muitas amigas e colegas minhas experimentam a nível profissional,
em que se publicitam, divulgam, criam, sempre em vão.

Não tenho o hábito de divulgar o meu trabalho, ironicamente, e até sei que a maioria das pessoas não faz ideia do que faço, mas eu sei e isso é o quanto me basta; enquanto tentei divulgar o que fazia só afastava mais e mais as pessoas da minha vida, quando deixei de querer saber passei a atrai-las. 

O serviço que é realmente BOM vai "à praça" e fica nela porque chega às casa de boca em boca, não me lembro de escolher o Dr. Wolker como pediatra dos meus filhos porque vi cartazes dele no metro, ou porque ele me convidou a ir ás suas consultas por eventos, lembro-me que O escolhi porque muitas pessoas me disseram bem dele e essas mesmas pessoas pagam efectivamente pelas suas consultas, então, SE essas mesmas pessoas que pagam são Aquelas que O publicitam é porque ele deve ser realmente bom ( e é-o).

Hoje em dia o que faço como trabalho é o meu mistério e dos meus, não quero publicidade, e só aceito contactos em primeira mão; quanto à escrita, que tanto tentei divulgar para "ser" escritora, essa dissolveu-se no manto que sou eu, quis até queimá-la numa fogueira viva, tentei, experimentei, varias vezes, num insucesso maior do que o de continuar a escrevê-la; acontece que escrevo porque tenho de escrever, é uma necessidade fisiológica, uma necessidade da alma.

Se parar de escrever morro. Ponto. 
Sinceramente já nem quero saber se me lêem ou não mas fico feliz quando sinto que sim, que serve para alguma coisa este meu excremento de ser.

Partilho porque partilho absolutamente tudo.

Partilho porque sou filha única da minha mãe e sempre quis muito ter irmãos e amigos com quem poder brincar.

Partilho porque NÃO SEI fazer mais nada senão partilhar...

Quero conversar, 
Quero conhecer-me... 
Quero oferecer o pouco que sei mas que é absolutamente tudo o que tenho para dar...

A minha antiga editora disse-me num determinado ponto, em tom de critica, que a minha escrita era para uma pequena franja de pessoas. Na altura fiquei magoada, confesso. Hoje, ontem, antes de ontem, quanto mais leio o que se escreve e edita por aí fico mais sossegada, não me interessa se escrevo para franjas, até porque sempre adorei franjas no sentido literal da palavra, o que me interessa é que escrever me alivia a alma, me ajuda a contactar com o mundo, a compreender Quem Sou, onde estou e ao que vou. 

O que me interessa não é escrever palavras novas até porque acho que não há nada de novo para escrever, o que ME interessa é o impulso do pulso que não sossega, a alma que não se acalma, o sangue que não para de escorrer, em mim, por mim... para mim. 

Escrevo aquilo que sei para não me esquecer. 
Todos caminhamos para velhos e as coisas engraçadas de se ler são boas porque nos servem para rir mas o que eu escrevo só serve para isto, para não nos esquecermos.

Serpente que me sobe o corpo numa demanda.

Boca que se abre num só esguiço, gesto absolutamente mudo. 
As crianças ainda não me sabem ouvir, então escrevo, imprimo, talvez um dia, um deles, ou quem sabe um neto, há-de me saber apreciar e ouvir, até lá reforço o pensamento, publicidade para quê ? o que é bom é eterno o que é vendido é quase sempre sol de pouca dura. Eu quero morrer velha, muito velha e escrever até morrer.

...

amo-te meu marido.
O único que me lê.


Nostalgia Azul numa Casa totalmente Branca


https://www.youtube.com/watch?v=umtKM56NrxY&list=PLkUUnZ2-hGVm4_wpJLKQ6tgZ8sLQpV0hN

 Numa tarde igual a todas as tardes do terrorista mês de Agosto; 
Depois de dar muitos banhos; 
Limpar muitos ranhos; 

Desci as escadas para ouvir música e quando subi para confirmar se estava tudo bem dei de caras com esta luz;

A pequena Paloma dançava os seus pequenos dedos no ar; 
Trauteava como quem fala com os Anjos e os deuses;
e se calhar até fala...

Foi portanto e por isso que;

Perante este pequeno e curto cenário de magia, a minha música, a minha intensidade e densidade, desfez-se e fez-me curvar, inteira, agoniada de choque, de espanto, de espasmo perante esta enorme magia branca.

Curvada chorei.
Curvada escutei.
Curvada tirei esta fotografia para nunca mais me esquecer.

SIM!

A minha maior Força é a minha Fragilidade; 
A minha maior virtude é a minha Sensibilidade; 
Aquilo que me permite continuar a sonhar e a amar é continuar a Ser quem Sou.

Para sempre te peço pequena Paloma;

Continua a fazer magia e música ao som desses teus pequenos mas maravilhosos dedos.

A tua Mãe.

O meu bolinho.


A minha mãe é a avó mais querida do mundo, sempre que vem visitar traz 3 bolinhos, um para o José, outro para a Paz, outro para a Carminho. Quando estão cá amiguinhos em visita, traz extras, mas hoje, eu, Bárbara, filha de, apeteceu-me fazer uma enorme birra ao olhar para os bolinhos dos nossos filhos.

- Mãe, onde está o MEU bolinho?!

eternamente, a sua filha.

Vi.zinhas



Na minha rua existem outras pessoas além de mim,
Pessoas com vidas, sim.
Pessoas com filhos, também.

Pessoas mais discretas, talvez.
Por serem menos pessoas por metro quadrado, por serem mais velhas, por serem quadradas, altas ou magras, não sei...Mas existem pessoas.

A primeira vez de que me dei conta da sua completa e total existência foi na primeira vez que tive de lançar um "grito" aos miúdos tal qual isco ao rio, enquanto uns fugiam cerca "afora", outros largavam o cão para caçar os gatos e outros apertavam de tal ordem o coelho que, no meio do caos de usarem, abusando da liberdade que lhes dei; Sim; EU GRITEI!

X'o! Pisguem-se ! TODOS lá para dentro!!!

...depois veio o ligeiro remorso, não por gritar e isto julgo que só entende quem vem ou tem" uma família numerosa ou quem vê, porque gosta, muitos filmes italianos, senti remorsos sim por incomodar. A vizinhança ouviu com TODA a certeza o meu grito de Leão, senti sim "vergonha", por sermos tantos, imensos, por ocuparmos tanto espaço, por fazermos tanto barulho, por existirmos com vida no corpo, nada "zen", apenas reais, de carne e osso, por fazermos, sim, uma tentativa imensa de existir e co-Existir na consciência (e tê-la não é, de todo, um trabalho Zen é um trabalho de aceitação do que REALMENTE SOMOS , com sombra e tudo), por mudarmos a energia dos interiores, por povoarmos e clonarmo-nos o mundo com imensos mini meus, por falarmos todos ao mesmo tempo, atropelando-nos, existindo como um rasgão, ousando, gritando, discutindo ideias, conceitos, injustiças, opiniões. Vivendo-nos intensamente... foi nessa altura que pensei que talvez fosse boa ideia ir de porta em porta apresentar-nos e pedir prévias desculpas pelos dias que estão prestes a vir, pela nova realidade nesta terra; nós chegámos e viemos para ficar e nós não somos propriamente poucos, nós não somos propriamente os "melhores" vizinhos; se é que tal coisa existe; somos um género... O género dos que fazem barulho... Não há musica depois das 22h mas a vida acontece e acontece, sobretudo no jardim que dá para a rua...

Enfim, os pensamentos fluíam como água mas a pergunta principal que ecoava e ressurgia era .:

- Porque raio me hei-de sentir mal por sermos TANTOS?
Por OCUPARMOS espaço?

Isto é uma pergunta que, por esta altura, já estava gasta na minha mente, já escrevi, inclusive, sobre isso mas n'Aquele dia fui mais fundo...

Um dia...Um dia li um livro... e só Deus sabe o quanto me marcam os livros, os filmes, as músicas ...
o quanto me sacodem, abanam, e ficam entranhados debaixo da pele. É uma "espécie" de experiência multi dimensional porque subitamente eu Sou as personagens, cada uma delas, eu calço os seus sapatos e caminho sobre os seus pés e tudo isso e somente "" isso faz-me compreender outras situações de vida, outras maneiras de ver o mesmo problema, outras maneiras de reagir, tudo isso e somente "" isso faz-me sentir compaixão pelas historias alheias e esse livro era e é porque ainda existe o livro "os pássaros feridos", subitamente eu relembrei cada palavra escrita e descrita por aquele filho mais velho, daquela enorme família... como ele via a mãe, "porca", "suja", por ter relações com o pai que se traduziam no nascimento contínuo de filhos, um atrás do outro e compreendi o quanto isso me chocou na altura, ao ponto de subliminar e esquecer, antes de eu ler esse livro não me passava pela cabeça olhar para os filhos e ver, realmente, de onde eles vêm, julgo que fiquei presa na historia da virgem Maria, das cegonhas, e da "perfeição" que tenta esconder o que é.

Ora eu fui educada numa escola católica onde me falaram e educaram com a sensação real e física de que ter relações sexuais é uma espécie de pecado mortal e só mais tarde, bem mais tarde, compreendi que nós vimos dessas mesma relações, sem elas não existiríamos, então; conclui que, na minha cabeça, na altura pequena e ingénua, guardei a mensagem subliminar de que como "nós, seres Humanos, vimos DO pecado; Nós somos "efectivamente" O pecado em si...

Assim sendo porque me haveria de sentir bem aos olhos dos outros com tantos filhos?
Sinto-me, injustamente, como O pecado em si pois quatro vezes pari.

Enfim, respirei e dei graças a mim, afinal de contas descobri mais um nó, um nódulo importante para limpar, que me andava a entupir e nestas voltas e reviravoltas da mente atiçada ao mar, tal qual onda que parte, fraqueja, almeja e redonda retorna ao centro de onde partiu ouvi a porta.

- Quem é?

- "É a Teresinha, sua vizinha..."

Oh jesus! Que quer esta gente de mim?! - pensei.

Saí. Enfrentei mas ao invés de uma crítica dei com um sorriso largo. Um abraço acolhia o meu medo, a minha dúvida, a minha mente por vezes "demente".

- "Olhe, é só para lhe dizer que se alguma vez se sentir mal chame-me, sim? Eu também tive quatro filhos e bem sei a loucura que é. Tantas noites mal dormidas ou não dormidas de TODO, tanto caos, tanto grito, tanto choro, tinha dias que me sentava no sofá a dar de mamar e corriam-me as lágrimas cara abaixo por me sentir má mãe, por gritar, por os educar, mas sabe, tem de ter mão firme porque é na adolescência que tudo se vê, agora são queridos, como os cãezinhos mas se não os educar está tramada, não se sinta mal, está bem? É o que é. Tem de dormitar, nem que seja 10 minutos por dia, ao longo do dia, às vezes é o suficiente para se sentir melhor..."

- Sim...

Será que ouviu os meus pensamentos?
De onde vem esta gente?! Deus existe e os anjos também.

Arquivei os meus medos com a afirmação interna;

Foi só um livro, Foi só um livro... e segui, a minha vida, calmamente.

Claro está que a vida não é só "a parte boa" e eu não estou aqui "" para iludir ninguém; 40 minutos depois vem uma outra vizinha, esta chateada, sim, porque os miúdos soltaram o cão este infiltrou-se num jardim alheio, estragou um canteiro e tentou atacar sexualmente :) (ironia ou não?) o cão dela...

- "Será gay?" - perguntou-me discretamente""

- Não sei se o Sebastião é gay, foi adoptado há pouco tempo e sabemos muito pouco sobre os hábitos e costumes dele (juro que respondi assim) mas garanto que terei o dobro do cuidado para não o deixar solto a incomodar.

- "Sebastião???! Isso é o nome do MEU filho!"

- Desculpe... Já tinha este nome e é o único nome ao qual reage.

A senhora foi embora, bastante irritada, mas vendo bem ela tinha todo o ar de andar muitas vezes irritada...quis a vida mostrar-me que terei sempre os dois lados, os que apreciam e os que não.

Fazer o que?
Deixar de ser quem sou?

Agradar Gregos e Troianos?

Sempre fui muito mais inclinada para e pela Grécia...

Lamento.


domingo, 25 de agosto de 2013

Libertação


Só Deus sabe quantas horas faltam ao meu dia para todos os dias serem um Dia.
Antes, de Antes d'Ontem voei entre tarefas e entre outras tarefas questionei-me se uma mãe de 4 tem o "direito" a trabalhar (se) , a largar a família algumas muitas vezes para fazer aquilo que Ela também sente Ser um dos seus "outros" papeis.

Questionei-me se. porque não preciso, haveria de parar...

Mas um compromisso é um compromisso e lá fui eu.

Respirava e observava e deixava-Me em aberto para receber a resposta.

Ao chegar, ao pousar, ao sentir, ao falar, ao abrir e ao retornar ao centro do universo, a alma despi "", o corpo de uma mulher fragilizada chorava à minha frente o seu sufoco, interno; são deveres, obrigações, expectativas expectantes, desesperantes, aliciantes, alucinantes; é o vício, o tramado vício da perfeição e Ela chorava, e Ela berrava, e Ela enrolava-se angustiada em suas queixas, verídicas, justas, humanas, tal qual criança pequena, enroscada, enviuvada, enfiada no colo de sua mãe e compreendi assim que jamais largo para trás os meus filhos pequenos pois aquele choro É O choro; universal, contido, emocional e o meu "outro" papel é o MEU papel; provedora, justiceira daquilo que se chama Libertação.

Na angustia daqu'Ela estavam todos os choros do Mundo; todas as Mulheres, todos os Homens, todos os escravos escravatizados na sua própria moral imoral, na sua própria prisão invisível, na sua Própria sombra Perfeita da imperfeição.

O que te sufoca mais? - Perguntava

O que me sufoca?!

E a mim a resposta surgia-me como um eco seco.:

O que os outros podem pensar?

Talvez.
Provavelmente sim mas também não.

O que EU própria posso pensar e julgar de mim Própria? 

SIM. Incomoda-me!

Juíza Dura , Ríspida, Frígida, Mórbida, de mim, para mim.

Xispa-te. Pisga-te Já!

"Má Mãe?!" JAMAIS!

Sou Aquela que Dá Aquilo que Pode e Tem e isso é praticamente TUDO.

Bárbara Trigoso Jordão Rodhner

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Humildade



Há uns tempos atrás, bem lá atrás mas ainda nesta vida, eu frequentei um colégio da moda, nos arredores dos pseudo "bem", onde as meninas e os meninos eram treinados, não pelos educadores mas sim pelos "cagões" de certos pais (UPS, escrevi mesmo isto...) a decorar sobrenomes para escolherem e darem-se SÓ com os ditos "meninos de bem", há uns tempos atrás eu era uma menina muito bem comportada e fazia TUDO e completamente o que me diziam e o que via.

Há uns tempos atrás eu excluía, eu só me dava com Algumas pessoas; porque era suposto ser assim ainda que na maioria das vezes eu nem as entendesse ou suportasse, há uns tempos atrás eu escondia partes de mim, partes de mim que não eram adequadas àquilo que eu queria parecer Ser, o meu fascínio pelo "povo carrascão", pela "sombra", pelo "negro", pela "luz", por Deus e pela sua simplicidade e humanidade.

Há uns tempos atrás eu tinha A mania...

Há uns tempos atrás eu não era feliz.
Há uns tempos atrás eu não me sentia.
Há uns tempos atrás eu não entendia o que andava Aqui a fazer.

Estou feliz e contente por dizer.:

Estou "curada" desse mal; mais ainda devo dizer que, por ironia do destino, ou não, a grande, enorme, esmagadora maioria das pessoas que conheço, desse tempo, desse tempo bem lá de trás, que eu conhecia, continuam escondidos debaixo de uma bela camisa passada imaculadamente a ferro, continuam escondidos por detrás dos mais caros óculos de sol, do mais fino batom colorido e do verniz mais bem polido, bem camuflado mas quando os olhamos BEM conseguimos reparar no atrofio intenso do que São ou na tendência GIGANTE para se transformarem nos não assumidos viciados. Ups... Desculpem lá o meu "terrível" (no sentido de aterrorizar) português mas há uns tempos atrás eu ERA, de facto, uma senhora e cumpria à risca o que me foi religiosamente passado:

Uma senhora não tem ouvidos, muito menos opiniões.

Mas também há uns tempos atrás eu descobri, porque vi, não porque me contaram, que a maioria das Senhoras SÃO efectivamente maltratadas, traídas, usadas, pelos próprios filhos e também pelos próprios maridos, se é que ainda os têm; elas sacrificam-se e enlouquecem para depois morrerem de cancro com tudo mal resolvido, como quem diz; por resolver...

SIM; há uns tempos atrás tudo o que eu mais queria era um colar de pérolas e uns sapatos de verniz para ir a festa qualquer levantar o nariz, armada ao pingarelho, a abanar um leque.

SIM; Há uns tempos atrás eu era tão estupidamente e moralmente infeliz.

Portanto.:

Há uns tempos atrás eu era uma PERFEITA idiota, não porque realmente o Era, dentro de mim, mas porque assim fui educada, treinada (não pelos meus pais mas pela sociedade onde me inseriram e que me rodeou)

Há uns tempos atrás eu NÃO conhecia mais nada além do local onde nasci, do meu umbigo e do meu pseudo mundo; eu era OFICIALMENTE uma IGNORANTE.

Há uns tempos atrás eu era, provavelmente, uma deficiente, literalmente escrevendo; uma DEFICIENTE emocional, com pinga alguma ou mesmo nenhuma daquilo que hoje em dia é o fato que mais me apetece vestir; sem seda nem "penduricalhos"dourados, um fato feito do mais nobre tecido chamado pele.

Há uns tempos atrás eu vestia Prada hoje escolho emagrecer, uiiiiii e ainda tenho tantos kgs a perder para caber na grande marca da Humanidade; A Humildade.

Grata Mundo Por ME fazeres Gente Decente.


UM P.S. Muiiiiiito IMPORTANTE.: 

Para mim o chamado "beto" não é o único arrogante, há tanto "freak" horrendo e horroroso no que diz respeito à falta de humildade, há tanto pseudo intelectual, pseudo artista, pseudo alternativo que se torna tão feio quando acha que quem não pertence ao seu grupo não tem valor.

FIM AOS GRUPOS E AOS FANATISMOS MEUS SENHORES.
Por favor ( sim porque essa parte da Educação gosto eu de Guardar*)

domingo, 18 de agosto de 2013

Jesus Cristo devia ser "mãe"


Afinal de contas foi Ele que me ensinou o princípio básico e primordial de ser boa mãe e não só;
" quem nunca pecou que atire a primeira pedra ", as mais observadoras entendem logo isto no primeiro filho ( são raras mas existentes ) as "casmurras"chegam lá ao terceiro quando tudo o que cuspiram para o ar lhes caiu sobre a testa.

Abençoado Jesus .

Ocupada


A fazer almoço, jantar, pequeno-almoço, meio d'almoço, lanche, outro lanche, ceia, ceia Antes do jantar, entre lanches, depois dos lanches, leites de fim de tarde, inicio do dia, entre dias, mais precisamente de madrugada, no crepúsculo  e afins

Ligue-me daqui a vinte anos.

Esclarecimento de Duvida Esclarecedora*


yeP.

todas as fotografias são minhas.

Se as quiser usar peça com gentileza que certamente ouvirá um sim.

Agradeço a sensibilidade*

Relaciona_ment(o)s


Hoje de manhã ouvi o som da mota a "descolar"
Hoje de manhã senti um aperto no centro do peito daqueles que sobe como ácido sulfúrico até ao centro da boca, garganta fria...mas não o entendi, bem.

Esperei.
Escutei.

Levantei-me, calcei a pantufa invisível que não tenho e caminhei escada abaixo, ouvi o ranger da madeira, abri a maçaneta da porta e de forma quase mecânica e sem sentido preparei três pequenos almoços; excluindo-me, estupidamente a mim e como se planeado, pelo destino, com o pousar do terceiro prato de fruta sobre o tampo da mesa da cozinha ouvi o segundo plano de ranger de portas e pés, seis pequenos membros, um de cada vez, de mãos dada chegaram, sentaram-se e invadiram o espaço com tanto barulho. A noite foi longa e um pouco "dura", a Paloma acordou três vezes, a Carminho outra uma, percorri os quartos enquanto os outros dormiam, vi a lua, o dançar das árvores e o descolar da mota, tudo comigo própria, de manhã não queria barulho e por isso zanguei-me.

Depois de me zangar, sentei-me. Calada permaneci com a esperança que o meu exemplo fosse observado e seguido mas as crianças não são assim, elas não precisam de paz como nós adultos inquietos pois elas São a Paz, a sua inquietação é a alegria da vida e por isso compreendi que a única pessoa errada no quadro, no cenário daquele pedaço da manhã era eu. 

Retirei-me.
Enterrei os headphones na cabeça e ouvindo-os agora num suave murmúrio longínquo questionei-me.:

O que tens tu ò "velha" mamã?

Estas cansada? Mas isso já sabemos...

O que está por debaixo do debaixo da pele?

Estou zangada porque não consigo dormir...

Sim...mas isso já sabemos...

O que está por debaixo da zanga?

e nesse momento abençoado ouvi entre os vários murmúrios da sala a pequena Carminho .:

- Tou...Tou...papa.

e a Paz que se repetia.:

- Sim Pai, já sabemos que não podemos fazer Tantos disparates, 
Sim Pai já sabemos que devemos ajudar a nossa mãe ( e ria , de mansinho, como se soubesse exatamente que tudo o que dizia não era de todo para cumprir...coisas de crianças...) 

e então aproximei-me.

Espreitei.

Estavam a brincar ao fingir do falar do faz-de-conta ao telefone;

com o pai, está claro.

E porquê o pai?

Porque Um pai é um ser mais que tudo*

Um figura mais do que importante, essencial.

Um pai é um pedaço de autoridade que faz tanta falta, um pedaço de Ordem que faz tanto sentido, um pedaço de Protecção que acolhe, um pedaço de Sabedoria que é tão preciso e enquanto os pensamentos corriam e jorravam como vento observei o que re-Lembrei.: 

O pai dos meus filhos "perdeu" o vinculo com o pai aos sete anos, eu perdi o vinculo com o meu aos três meses...

O nosso primeiro filho, macho, tem sete anos Agora,
a nossa última filha, fêmea, tem três meses.

tenho andado zangada, farta até...

ás vezes falo levianamente do amor, apetece-me descarta-me de tudo só porque amar é a tarefa mais dificil e exigente do mundo. São momentos curtos do dia, mas confesso que SÃO momentos; Existem mesmo que escondidos dentro de mim e assim, sem mais, nem menos, escutei a dor do meu marido, com sete anos ao ver o pai partir, escutei a dor do meu coração pequeno com três meses a deixar o meu partir.

Tanta perda a que fomos sujeitos...

Tanta perda importante, eu sei, perder faz parte do caminho do receber e ter; foi o que nos construiu, faz parte do que hoje somos mas assim como faz parte de mim ser diferente dos outros questionei-me o que quero eu dar aos meus filhos?

Quero eu repetir este padrão? 

e à medida que a pergunta ecoava na minha mente escutei o centro do peito a dizer-me claramente.: 

Não.

Eu NÃO quero desistir! 

Não faz sentido nenhum na minha história por em causa o amor que me une ao pai dos meus filhos, por mais difícil que sejam as noites, por muito "chata" que seja esta fase em que estamos presos; a banhos, pouca mobilidade física, a sestas e lanches e mais lanches e birras e mais sestas e sestas; eu quero permanecer de pé, com ele. Eu quero envelhecer de mão dada com ele. Eu quero suspirar o ultimo suspiro ao colo d'Ele (sim...porque já combinamos, prometemos, e juramos que Eu vou primeiro)

 Tenho o corpo físico atado e cansado mas a mente não por isso é tudo uma questão de escolhas e EU ESCOLHi.:

 Sentei-me novamente, ouvi as vozes lá ao fundo, a felicidade inocente de os ouvir comer, de os ouvir brincar , de saber-me numa casa protegida por mim e pelos meus e compreendi que o aperto no peito da manhã era medo de perder o meu " mais que tudo ".

Medo de O perder com o som da mota que se foi.


Hoje de manhã compreendi que "nunca" amamos o suficiente, que se hoje fosse o último dia não teria dito tudo, abraçado tanto, sonhado mais. Hoje de manhã compreendi que inconscientemente vivemos quase sempre numa azia de insuficiência humana. Uma pressa que nos consome ou Melhor, Me consome.

mas hoje de manhã eu também decidi que eu não vou desistir, que eu não me vou repetir no mau feitio da manhã, que eu não vou ignorar a compatibilidade única que a vida me deu, que eu vou celebrar e repetir votos, vou colher flores e encher a casa de frutas, pedras, conchas e montes de bendizeres com tudo o que sonhamos juntos, de mãos dadas, ao entardecer.

Se Ele nunca desistiu eu também não vou desistir e assim, sem discussões, sem dramas nem confusões entendi que de há uns tempos para cá ponho tudo em causa porque estou, meramente, cansada; 

cansada de um quotidiano metodico de rabos e das fraldas onde me perco tantas vezes de mim. 
Sinto FALTA do meu ser.
Sinto falta de me ouvir; 
de me sentir, 
de me trabalhar, 
de Trabalhar. 

Abençoadas férias de verão que já começam a chegar ao fim. Amo os meus filhos SIM mas também me amo a mim e preciso de espaço, tempo e qualidade de vida para retomar os meus hábitos primordiais e sobretudo para re.acender a chama do nosso amor como uma lareira intensa que jorra cheiros de pinhas, caruma e flores.

amo-te "pai", por cada um de nós reAfirmo.

És tão benvindo na TUA casa

Com todos os defeitos que tens, com todos os Feitos que és, vem*

O teu Outro pedaço do Eu.

Eu


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Levo-te comigo





Fiz de tudo para te raspar da minha alma. Zangada . Ferida. Porque me largaste. Porque me abandonaste. Porque não me escolheste. Porque Te escolheste. Antes. ao invés do revés de mim.



Mergulhaste na tua morte faz agora vinte e um anos. Foste pela tua própria mão, abriste a porta , disseste-me adeus e de lá não mais voltastes . 


Morta de curiosidade morreste. Zangada, Ferida me deixaste. 

vinte e um anos a curar um rasgão que não se cura.

Chorei-te tanto minha avó; inquietei-te a alma, atazanei-te o espirito no meu direito de te chorar ... Fi-lo de propósito numa vingança propositada porque não sabia te perdoar, porque não me sabia libertar, porque não te sabia largar, porque não Me sabia sendo; longe de ti.

Chorei-te toda e Nunca mais fui a mesma, sabes?

Nunca mais fui; sequer .
Até hoje.

vinte e um anos depois acordo bem disposta. Contigo na alma como um xaile nas costas As nossas músicas já não me doem. As recordações das nossas tardes já não me violam. As nossas "nossas" já não me bloqueiam, assustam ou demovem. Antes; Antes Vou dando por mim a andar em frente ; contigo na alma como um xaile nos ombros; Vou perpetuar o teu início como te prometi. Dei-te bisnetas. Muitas. Tantas! Dar-te-ia mais não fosse o meu útero ser um poço com fundo e como tu me pediste vou contigo, finalmente, ao Chile, enterro-te  lá e devolvo-te, finalmente, a tua paz.

Perdoo-te.
Perdoo-me.

Para sempre tua.

Hoje; a pequena Neta de Maria de Lurdes Malheiro Dias Moniz Pereira Trigoso Jordão 

TeleEnviado de Vénus