quinta-feira, 13 de março de 2014

Sem mais nada a declarar .


Princípios de vida.

Deixem as crianças serem Livres!


Livres de dogma.

Livres de preconceito.

Livres de competição, da falsa sensação de superioridade, elite, ou desigualdade .

Ensinem-lhes que ninguém sabe tudo. Que a verdade é relativa. Que as certezas não são absolutas. Que antes de se saber que o mundo era redondo estudava-se que era plano. Que Dom Afonso Henriques não matou a sua mãe. Que tudo o que sobe, desce. Que o ar é uma matéria que não se vê mas existe. Que as emoções são as nossas melhores amigas. Que somos animais como os cães e os leões. Que é seguro usar o nosso lado selvagem. Que a civilização é uma ponte para a compreensão mas não é obrigatória . Que os aborígenes são perfeitamente normais. Que usar meias com sandálias é diferente para o português mas normal para o norueguês. Que não existe certo e errado permanente e consequente. Que num mundo ideal ninguém tem de matar. Que a utopia é a palavra mais bonita do dicionário. Que dançar e fazer palhaçadas faz bem ao coração. Que ser feliz é a melhor estética do mundo. Que a sinceridade é uma ferramenta útil. Que a humildade cresce como consequência da bondade. Que a terra dá tudo o que precisamos para viver. Que é importante repor. Que a comida viva e crua , como a fruta , é um presente divino do mundo. Que os homens e as mulheres são mais bonitos de mãos dadas. Que os adultos são crianças, por vezes feridas, outras vezes encantadas. Que todos somos importantes e válidos. Que não há em cima sem haver em baixo. Que a Natureza mostra tudo. Que as árvores crescem da mesma maneira para dentro da terra como rumo ao céu. Que o impossível é só difícil, que o difícil é somente um desafio, que um desafio é um jogo, um jogo uma felicidade, uma felicidade uma oportunidade. 

Por favor deixem as crianças serem livres! Livres para nos re-ensinarem a viver.

Vamos nós pais ser humildes, Humildes o suficiente para calarmos a boca de vez em quando e passarmos a aprender. 

Essencial



Fui à escola dos meus filhos falar sobre a escrita.

O que é a escrita? Para que serve? Como se sabe o que escrever? Quando escrever?


Como se alguém soubesse responder a essas questões...

Improvisei.

O que me marcou ao longo da vida e me forçou a passar a escrever foi o ser esquecida. 

Esqueço-me de muito. Sobretudo de coisas que não me interessam diariamente nomeadamente o dia em que estou, o planeta em que habito, o nome dos reis e dos rios... Coisas burocráticas e importantes, sem dúvida, mas que não alimentam constantemente o meu pensamento. Nunca me senti mal com isso porque sempre confiei que consigo encontrar uma biblioteca com amigos que me d'escrevem tudo o que preciso recordar e para que o momento de hoje não se perca nos corredores compridos da minha mente vou registá-lo. De todas as coisas bonitas que hoje vi e ouvi uma, especial, marcou-me; a Inês.

A Inês ouviu tudo , com olhar curioso e vivo. A Inês estava grata por estar a aprender coisas novas. A Inês não tomou a minha presença como garantida ou como uma seca, ela estava verdadeiramente interessada. Ela não interrompeu, ela simplesmente esperou que eu terminasse para finalmente participar dizendo:

- Eu não tenho livros. A minha mãe não gosta porque acumulam pó mas eu gosto de livros.
Barbara, o que é que é essencial para ser escritor?

O olhar dela, meus caros senhores, é algo que possivelmente só o Fernando Pessoa saberia descrever. O olhar dela encheu toda a sala de um verde imenso como uma canção de esperança.

Podia-lhe dizer.: 

- ler . - Como diria qualquer bom escritor mas eu não sou uma escritora, eu sou uma sonhadora. Eu amo os homens e os seus "disparates", eu amo a vida, os pássaros que cantam, a gente que dança, os recantos com encanto. Eu amo as pessoas e as suas vaidades, os medos e as frustrações, eu amo a humanidade, o ser real, simples, rico e espiritual. Eu amo e como Ser que ama respondi.

- Inês, o essencial é ter a cabeça bem aberta e o coração no sítio certo.

Ela sorriu e afirmou .:

- Então eu nasci para ser escritora!

...

segunda-feira, 10 de março de 2014

Profissões


Fizemos um estudo sobre linhagens familiares e profissões ,
Entre uma dezena de opções de muito sucesso, daquele bem elevado, o Bernardo responde que quer ser " O senhor do lixo", como mãe romântica Aviso-o que ele pode sonhar com o que quiser, até uma eventual ida à lua.

- Deixe estar mãe, não se preocupe, está tudo bem.

- Mas sabes que cheira muito mal ? ...

- O cheiro é indiferente, habituo-me, importante é ser boa gente.


...

domingo, 9 de março de 2014

Chatices Multiplas


Actualmente muito de mim passa por pegar no telefone ou responder a um email a dizer.:

"- Afinal não posso ir."

Nem todas as pessoas o compreendem que existe uma parte minha que quer, precisa, deseja, suplica por convívio, socializar na arte, intercâmbio e resiste em se anular, aniquilar, ser comida viva pelas meias e a vida mas depois entra a realidade-REAL que é como um fluxo em repuxo, esse monstro sem cabeça que espreita atrás das paredes, ter quatro filhos já não é igual a dois, antes distribuía-os facilmente entre amigos e família, mas a família está velha e quase inexistente e os amigos, coitados, as vezes dizem que sim a disfarçar a cara de pânico. " - São quatro..." - dizia-me uma delas - "Quatro não é bem igual a dois..." e claro está que se compreende perfeitamente. Crianças são seres em evolução, os meus especificamente até reconhecem autoridade quando a veêm, até se sabem sentar, conversar e estar mas não deixam de ser mini pessoas em experimentação que, ainda para mais, todos juntos, formam efectivamente um Gang... 

Claro que as maravilhosas "Nanni MacPhee's" funcionam bem mas com tantos corpos saltitantes apanham milhares de vírus e viroses e muitas vezes deixam de poder quando dá REALMENTE jeito. 

Podia chorar e sinceramente ás vezes choro, por me sentir "ancorada" neste porto mas este barco um dia vai navegar autónomo e nesse dia hei de rir a reconstruir-me destas cinzas que sou eu na minha vida "caótica" de alguidares, pincéis, computadores com livros totalmente inacabados e crianças loiras que cantam foram de ritmo e batem palmas com a mão.

Sim, Um dia vou dizer.:

EU VOU!

quinta-feira, 6 de março de 2014

Amor personalizado.


Quando se tem vários filhos é importante validar cada um como Um ser individual sem igual.

É fácil cair na tentação de vesti-los rigorosamente a condizer, esperar o mesmo de todos, comparar, mesmo que subtilmente e inconscientemente mas a verdade (se é que ela existe) é que ter irmãos é realmente uma aventura divertida mas ter só uma mãe e ter de a partilhar já não tem tanta piada...

"A necessidade aguça o engenho", já diziam os antigos, assim sendo dei voltas ao meu dia-a-dia e à minha mente para tentar entender COMO encaixar cada um deles na minha morbidamente-"perfeita" e intensa rotina; Cada um como Um, sem igual.

Nessa busca descobri que acordar cedo, madrugar, mais especificamente "falando", dá-nos a possibilidade de estarmos mais disponíveis para eles quando acordam. Se há coisa terrível neste mundo é acordar para a vida e ver uma mãe-mulher descabelada e semi-zangada. Julgo que todas as mães de filhos múltiplos acabam por, eventualmente, acordar assim...

Claro está que também temos de ter folgas nesta prática, não a conseguimos executar sempre, há um dia ou dois que é essencial deixar o despertador tocar até ao último segundo em que nos é permitido dormir mas sinceramente tenho de confessar que uma vez que se comece torna-se viciante o continuar; conclusão.: 

Ponho o despertador para uma hora antes da hora em que acordo o resto da família, o que me dá exactamente, sem tirar, nem por, sessenta minutos para viver sozinha e cuidar de mim. 

60 minutos!!! - Só entende quem é mãe... 

Desta forma tenho tempo para espantar o meu mau-feitio, as minhas frustrações ou angústias para uma folha de papel, depois tiro prazer em rasgá-las bem rasgadinhas; às vezes escrevo no diário dos sonhos segmentos da recta imaginária que passou através de mim durante a noite; outras manhãs apetece-me rabiscar o caderno da gratidão, coisas que já conquistei, para não me esquecer, reparei ou estou prestes a alcançar; mas regra geral tomo sempre um banho* e que bem que me sabe tomá-lo sem me apressar; faço café, cheiro-o com delicadeza, às vezes corto fruta como sendo A peça de arte que me vai nutrir, alimentar e permitir-me continuar um dia, dois, três meses, vinte anos, o tempo que for preciso para cumprir o meu destino e subitamente, quando dou por mim, reparo que em vez da cara típica de.: "Que chatice!! Já é de manhã!!!" tenho um sorriso rasgado, menos tensão nos ombros e a certeza que as manhãs NÃO TEM de ser complicadas. PONTO. Para acrescentar a esta maravilhosa descoberta compreendi que nós mãe somos tão ágeis a gerir o tempo que me começou a sobrar tempo, tempo que escolhi usar para ir buscar Um filho á sua cama 20 minutos antes do acordar da restante família; um por cada dia da semana, passando assim 20 minutos INTEIROS como uma mãe única e "exemplar" ( ;) se é que tal coisa existe, insisto )

A verdade é que cá em casa tem resultado; pode parecer pouco tempo mas acreditem que no silêncio da madrugada, acabadinho de acordar, o miminho puro de uma mãe, numa casa onde há pouco espaço para individualismo, sabe a ouro. É vê-los deixar cair a cabecinha, ficarem pendurados no ombro como passarinhos adormecidos a guardarem entre as primeiras palavras do dia, os sonhos largados na almofada, uma recordação eterna e enternecida, a recordação de ter, efectivamente, uma mãe " só sua"...

Se me faz feliz não consigo não partilhar...lamento.
Espero que sirva como "casaco" a quem for de lhe fazer jeito.


( Para quem tiver o pensamento justo.: " Eu tenho lá tempo para isso...!" Ajuda pensar no tempo que vai poupar em consultas de psicólogo quando eles forem adolescentes desconectados da fonte primordial de vida, a Mãe. )