quinta-feira, 24 de abril de 2014

Cabeça fria. Coração quente



Que delícia é ser raptada para almoçar por um galã maravilhoso de cinema;

Mas mais maravilhoso é ter uma cabeça suficiente boa para entender que o mais importante da vida é permanecer num amor que dure mais do que um almoço.

Vende-se estimulo Cor-de-laranja-choque


Se há coisa na vida que eu respeito é uma Mãe que tenha de trabalhar, ou uma Mãe que goste de trabalhar.

Se há coisa na vida que eu não compreendo é que para se justificar isto, que é, por si só, tão legítimo, seja necessário afirmar que os bebés devem ir para a creche com poucos meses para terem estímulo.

Numa sociedade onde os números de Híper- Actividade, falta de poder de concentração e dispersão infantil disparam BRUTALMENTE há alguma necessidade de estimular exageradamente um bebé que acabou de sair do útero?

Estima-se que os bebes levam exactamente o mesmo tempo que levaram de gestação a acordar para "a vida"; demoram cerca de nove meses a encaixar e entender, onde estão e quem são; a conhecer os códigos de quem os rodeia, as dinâmicas familiares, as rotinas, para quê então complicar-lhes ainda mais as vidinhas? Afinal de contas eles têm ou não têm uma vida inteira pela frente para descobrir o que quer que seja que os fascine?

São raras ou nenhumas as pessoas que naturalmente guardam recordações antes dos três anos de idade, e porquê? Porque é o período mais traumatizante da nossa vida. Só o básico e inevitável  rompimento dos dentes é uma dor insuportável...

Para quê ser bombardeado com músicas histéricas, cores berrantes, ambientes super agitados e outros bebés aos gritos nos seus ouvidos?

Quem é que se lembra da fase em que o seu doce e maravilhoso bebé não dormia de noite?

Quanto tempo aguentavam a ouvir aqueles gritos que, literalmente, e, em poucos minutos rebentam todo um sistema nervoso já formado? O que há de bom em enfiar bebés em salas comuns com três adultos entre vinte crianças aos berros, entre birras, frustrações, lutas de poder, de brinquedos, guinchos de felicidade e tentativas de serem queridos? Isso faz-se, SIM, por NECESSIDADE, porque algumas mães, famílias, não tem como sustentar a vida e outras precisam de pensar, exercitar a mente para manter a sua saúde mental mas, comam-me viva se quiserem, ninguém me convence que um bebé PRECISA de uma creche para se desenvolver naturalmente. Posso, sim, observar os preços das escolas para entender o motivo dessa publicidade baseada em nada para a excessiva venda de estímulos. Brinquedos que apitam, giram, voam, fazem o pino e contam até 900.

Enquanto houver hipótese deixem os bebés serem bebés. O tempo passa a correr e até hoje, por muito estímulo que se tenha, não há registos de se conseguir voltar atrás para usufruir do que já foi.

Lamento; não acredito na tecnologia-bebé-electrónico-cresce-depressa-sê-mais-inteligente-que-todos-os-outros; acredito sim em bebés stressados pela nova sociedade consumista, por pais inocentes, manipulados por tubarões do plástico e da plasticidade compulsiva e chupista que o faz-de-conta nos vendeu.

Não compro! Estou endividada n'outros créditos ;)

terça-feira, 22 de abril de 2014

Ser Desejado.


Quando nasce um filho ele pode ser desejado; ou não... Ele pode "simplesmente" vir-nos ensinar que afinal até estávamos preparados para, mas a sensação inicial de não-pertença pode marcar profundamente o resto das nossas vidas.

Tenho observado pessoas que são infiéis ou tendem a ter o potencial para sê-lo e...:

A grande maioria traz em si essa ferida; são viciadas na adrenalina de precisarem de ser desejadas. Entram nos relacionamentos no Pico da Paixão mas rapidamente, quando esta se esgota, procuram outro alguém, não porque o amor acabou mas porque o encantamento de ser desejado como um primeiro amor se esgotou. É um vício, como a droga, essa coisa de precisar de ser Desejado para se sentir Alguém Especial.

Quando é que, então, paramos de nos drogar para nos apaixonarmos por nós próprios e ficarmos brutalmente dependentes , "apenas", na nossa própria aprovação?

...


quinta-feira, 17 de abril de 2014

Sombras


Tenho observado a frustração de uma boa amiga minha quando se depara com as birras ferozes da sua filha única que tem a mesma idade da nossa terceira. Vejo-a a corar, ficar com raiva por perder o controlo e no fim desesperar...

Podia ser má e esconder-me no papel da mãe perfeita mas a verdade é que, sinto, "sei", compreendo que... A filha d'Ela não tem por onde explodir, não só é única filha como tem a mãe divorciada, o mundo dela é Ela e a Mãe e a Mãe e Ela.

Todos nós precisamos de espelhos para olhar o mundo e tudo o que não queremos, não sabemos, nem podemos olhar em nós. Todos nós precisamos de um bode expiatório até um determinado ponto e eu entendo que a criança encontre entre o seio da nossa "louca" família de seis a liberdade para se expressar e experimentar.

Tenho também aprendido com esta minha nova amiga que os filhos únicos procuram sempre irmãos e que a vida é tão perfeita que sempre que tira alguém de sangue oferece-lhe outro, de Alma.

Que assim seja*

Para sempre, enquanto tivermos coragem para Amar.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Morte à Mãe!


Hoje também sou gente !

Estou feita assassina de preconceitos; tenho uma tesoura de aparar cabelo, uma casa de banho desarrumada e não tenho medo de usá-la !

- A mãe está maluca !!!!! 

Ai Está, Está! Sem medo de cantar o fado e com vontade de dançar Flamenco!

Agarre-se quem puder; Estou viva "Cacetes!"

Idade, sapiência , boa vontade


Quando parei de querer ser perfeita aperfeiçoei-me.

...

Quando parei de ter medo da areia da praia nos sapatos, de usar a melhor loiça diariamente, de experimentar passear de olhos fechados, de dormir de janela aberta para respirar.

Quando parei de ter medo de desiludir, quando parei de ter medo de me apaixonar, fui livre!

Quando parei.
...
 fui feliz.



quinta-feira, 10 de abril de 2014

Aos Professores



Em conversas de Mães um tópico recorrente é a qualidade das escolas;

"Aquela tem isto, a outra "aquel'outro", 
"Aquela tem o filho da Sicrana, a outra tem Inglês e Japonês"

Eu tenho um trauma escolar, evito sempre pensar demais, parece-me uma escolha super difícil, invade-me uma dualidade imensa...

Hoje fui à reunião de pais dos nossos filhos, uma das professoras marcou-me profundamente.

Ela Olhou para o nosso filho bem profundamente, ela conhece-o quase tão bem quanto eu e em tão pouco tempo... Ela "devolveu-me" o meu menino como eu o confiei, sem manipulações, sem enganos ou "depressões" e ao ouvi-la falar respirei fundo; em nenhum local de mim havia tensão ou prisões.

Se eu gosto da escola dos meus filhos?

Sim, mas o que eu compreendo é que de nada serve uma escola/instituição híper equipada, se poupa na qualidade do seu staff, quem faz uma Grande escola e como consequência um Grande Aluno é a Professora/o.

Abençoada gente que trabalha arduamente,
em Vocação, COM vocação.



domingo, 6 de abril de 2014

Destralhar = SER LEVE


Cresci numa família onde nunca faltou dinheiro, graças a Deus mas sobretudo graças aos meus ancestrais que sempre trabalharam para o ter. Nunca ninguém deu nada a ninguém, nunca nada foi de borla mas uma coisa que observo à luz do tempo que me separou do que eu era quando era pequena e do que desejo ser no agora é isto.:

Para quê tanta tralha? Tanta Carga?

O meu avô viveu praticamente toda a vida numa mansão absolutamente imensa onde acumulou TANTOS livros para ler, tantos hobbies para fazer quando se reformasse e agora está cego.

...

Eu.
Eu às vezes quero fazer Tricot então compro seis novelos de lã para me motivar e uso apenas um.

Eu às vezes quero costurar então guardo 600 pedaços de panos para coser e coso apenas um.

Eu às vezes quero escrever então acumulo milhentos pedaços de guardanapos com ditos perfeitos mas incompletos e uso nenhum.

Eu às vezes quero trabalhar mais a parte espiritual então rodeio-me de papeis de consultas, cursos e cursinhos, descobertas e, e, e... uso, praticamente e só, o meu instinto.

Eu ás vezes quero ser melhor mãe então acumulo milhares de livros de psicologia infantil que até leio mas nem sempre até ao fim... e ... e... e... praticamente, aplico um.

Acumulo. SIM! Confesso. Acumulo mais do que tralha, ACUMULO projectos de vida que não tenho tempo para viver.

O QUE SOMOS NÓS AFINAL?

O que nos define?

O que adiamos que é REALMENTE importante?

Quantos de nós deixamo-nos em vão na prateleira debaixo das escadas? 

Quantas de nós afirmamos os nosso verdadeiros Sonhos? Quantos de nós escolhemos ousar?

Será que sabemos fazer este compromisso de ser Uma coisa de cada vez? Sem medo que o tempo nos atropele e nos leve?

Quanto de nós confia na vida e na sua abundância completa?
Quanto de nós acredita que temos tempo para tudo?

A minha casa parece um Atelier lindíssimo o que não quer dizer que eu tenha efectivamente TEMPO para ser a artista que imaginei ser. 

...


...


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Janela


(Fotografia de Jutta Gerdes, Johann Rodhner, 1986)


Não tenho escrito muito.

Sequei o "sumo".

A vida é tão rápida que nos gasta.

Está na moda ser natural, eu confesso que não tenho tempo para entrar e sair d'ela; o cabelo por pintar mostra tudo, felizmente, quando o material é bom não é preciso disfarçar mas são as outras coisas que me impedem de comunicar.

Antigamente achava que tinha alguma coisa a acrescentar, queria sempre ser a primeira a começar; os diálogos, os jogos, os desafios, a ultima a terminar, acabar, erradicar... antigamente (como se fosse há muito tempo...) acreditava que sabia algo Novo, que podia mudar opiniões, explorar novas opções, agora reparo que todos temos qualquer coisa a acrescentar, algumas pessoas atropelam-se como crianças barulhentas à volta de um bolo, então sento-me, estou de fora, não porque sou a "maior" mas porque estou cansada de brincar; leio, vejo os barcos passar, devagar, o circo actuar, os palhaços cantar, a caravana partir e as estradas por limpar.

A permanência do tempo é algo que me fascina, "ele" passa sim mas apenas para nós. O tempo é tão  além do entendimento humano... é algo imensurável! Descubro nesta antologia que aqueles que não se mexem movem-se muito mais; o mineral, o tempo, a árvore, a Paloma que é "preguiçosa" e insiste em "atrasar" o seu desenvolvimento para gozar o direito que lhe assiste, existir, sem pressas de crescer. São tudo processos, rios que fluem... No fundo nada nos pode parar, muito menos a famosa morte. A passagem do devagar persegue-me; o castor  que corta as árvores para encaminhar fluxos comove-me, ele sabe que não vale a pena lutar para deter a água eternamente, ele sabe que a água encontra SEMPRE o seu caminho; o trabalho de existir tem de ser assim, contínuo.

Já não sei o que procuro, já nem sei quem sou, o que me define ou no que acredito, fui mãe demasiadas vezes em "demasiado" pouco tempo para continuar agarrada a falsos pré-conceitos, dogmas e verdades absolutas. Não somos nada, somos tanto! Não somos nada, somos tudo! Criamos música, dormimos enrolados, procuramos o colo de uma mãe como um primata, grunhimos irritados, berramos zangados, fugimos, regressamos, choramos mais, rimo-nos imenso; o que é isto da Humanidade que não a imagem perfeita do enrolar de uma serpente? Somos filhos perfeitos SIM (!) porque é na nossa imperfeição que crescemos, experimentamos e mudamos.

Somos perfeitos quando nos aceitamos; inteiros.