quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Levo-te comigo





Fiz de tudo para te raspar da minha alma. Zangada . Ferida. Porque me largaste. Porque me abandonaste. Porque não me escolheste. Porque Te escolheste. Antes. ao invés do revés de mim.



Mergulhaste na tua morte faz agora vinte e um anos. Foste pela tua própria mão, abriste a porta , disseste-me adeus e de lá não mais voltastes . 


Morta de curiosidade morreste. Zangada, Ferida me deixaste. 

vinte e um anos a curar um rasgão que não se cura.

Chorei-te tanto minha avó; inquietei-te a alma, atazanei-te o espirito no meu direito de te chorar ... Fi-lo de propósito numa vingança propositada porque não sabia te perdoar, porque não me sabia libertar, porque não te sabia largar, porque não Me sabia sendo; longe de ti.

Chorei-te toda e Nunca mais fui a mesma, sabes?

Nunca mais fui; sequer .
Até hoje.

vinte e um anos depois acordo bem disposta. Contigo na alma como um xaile nas costas As nossas músicas já não me doem. As recordações das nossas tardes já não me violam. As nossas "nossas" já não me bloqueiam, assustam ou demovem. Antes; Antes Vou dando por mim a andar em frente ; contigo na alma como um xaile nos ombros; Vou perpetuar o teu início como te prometi. Dei-te bisnetas. Muitas. Tantas! Dar-te-ia mais não fosse o meu útero ser um poço com fundo e como tu me pediste vou contigo, finalmente, ao Chile, enterro-te  lá e devolvo-te, finalmente, a tua paz.

Perdoo-te.
Perdoo-me.

Para sempre tua.

Hoje; a pequena Neta de Maria de Lurdes Malheiro Dias Moniz Pereira Trigoso Jordão 

TeleEnviado de Vénus

2 comentários:

  1. A minha foi-se embora sem se despedir há ano e meio e o rasgão tem sido muito mal remendado.... estas palavras tocaram-me muito. Não sei mais o que dizer :)

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  2. Que nos sirva de algo . Tlv o teu luto seja mais suave. Abraco de irma

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