terça-feira, 17 de setembro de 2013

Relaciona-mentes




Projecção

Observando o rumo de 4 vidas paralelas à minha observo o que poderia ser, também, a minha história .

Traição .

A traição pautou seriamente o percurso da minha vida. Sou nascida de um amor "perfeito" perdido e rasgado por traição .

Atenção que traição para mim não é só algo que se faz ou se "usa" a nível sexual, a traição está presente em toda a casa em maior ou menor dimensão .

A traição é quando dizemos sim mas queremos dizer não .

A traição é quando comemos sem fome, quando recebemos sem vontade, quando sorrimos para esconder a dor, quando fingimos que somos grandes quando, no entanto, Somos A pequenez. A traição, para mim, é tudo o que é ilusão .

Há muito tempo que não me traio e sempre que tento fazê-lo, porque às vezes parece-me mais "conveniente", a alma explode-me aos bocados até eu aceitar novamente a minha condição . 

Humana.

Humana nasci, humana morri.

Ontem presenciei um possível divórcio e aquele divórcio fez-me sentir a dor que senti quando era pequena, enquanto filha. O medo de ficar sozinha. O medo de ser esquecida. O medo de ser abandonada e sobretudo uma enorme vontade de morrer por não entender ao que vimos, o que somos, como O somos. Claro que A paixão fora de um casamento faz sentido quando a paixão dentro do casamento deixou de existir... mas quantos de nós perde o amor à vida e o tenta re-encontrar erradamente apenas num pedaço de um "sexo" momentâneo e frio? Isso, isto faz-me olhar o meu matrimónio com verdadeiros olhos de ver. Ainda mais fundo. Vi num relaciona-mento que nem sempre é bom, nem sempre é mau mas É um casamento real, com amor, entre duas pessoas que se olham internamente com olhos de ver.

As vezes a paixão finda, não um pelo outro mas a paixão pela vida e é por isso que me escrevo, me sinto, me exploro, me olho.

Na nossa casa não há ilusão .

Na nossa casa não há mentira.

Na nossa casa há exaustão.

Na nossa casa há depressão mas na nossa casa também há reequilibro, na nossa casa também há perdão e sobretudo na nossa casa há compreensão pelas atrocidades que se dizem ou sentem quando se vive o pulsar violento atroz que é a vida do e no coração .

Os meus amigos abriram-Me portas para entender que é tão fácil projectarmo-nos nos relacionamentos dos outros e aprender com as histórias, construir na desconstrução. Alguns casamentos são efectivamente enigmáticos. Esses, normalmente são sujeitos a mais pressão e é importante em vez de vermos a história do outro vermo-nos na história. Onde nos toca? O que nos diz? O que nos ensina.

Existem uniões especiais, que inspiram, até na desilusão. Estou feliz por aprender através de terceiros o quão fácil é falhar. É algo que está ali ao lado, ao segundo de um minuto. É algo por vezes irreversível, por vezes não. Estamos sempre a aprender sobretudo n'um casamento; crescer é a ordem da vida.

A pessoa a quem eu disse sim, ontem, poderá não ser a mesma pessoa a quem eu direi não amanhã; o importante é evoluir. Acompanhar a Evolução. O importante é observar, conservar, destruir o podre, reconstruir o novo, reavaliar, equacionar, reconquistar, redefinir.

A vida é uma transição de estados de espírito.

Agora estou feliz mas ontem fui Perséfone , desci ao submundo do sub solo para compreender que para sorrir é preciso sentir.

Quem não chora são os mortos e eu, gosto de viver, assumo .

Hoje sei, que eu não quero falhar.
Hoje farei por tentar não falhar.
Que os olhos dos meus filhos vejam sempre a realidade.

Um humano ao serviço da Humanidade.

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