Faz um ano que passei um dos melhores Natais do mundo.
Este ano estou amuada.
Quero colo mas não o tenho. O ano passado, literalmente escrevendo, também não o tive mas não o chorei.
É tudo uma questão de passado...
Quando há divisão real, um rasgo, rasga (ponto)
Faz 380 dias que juntei-me com toda a minha família real, pai, mãe, tios, tias, primos, filhos, este ano estamos partidos, cada um no seu local e isso faz-me recordar o natal de antigamente.
Filho único, de pais separados. O pior...
Na véspera, em casa da "minha" avó simples e feliz, reinava a festa, o grito, o papel rasgado por todo o lado, o açúcar das fatias douradas livremente polvilhado, as saias semi-rasgadas de tanto pulo, as meias desordenadas, no dia seguinte vinha o oposto, o cabelo penteado, repuxado, arranjado; o apertar do laço rijo, o entrar sozinha pelo salão, o almoçar na cozinha, o querer um irmão, um abraço, um carinho.
Havia sempre uma "Sara" alada, que enquanto servia pratos batia palmas para me animar mas chorava, disfarçada, atrás de uma porta.
- O que tens? - perguntava-lhe eu.
Entre nós nunca existiu formalismo até deixarmos de nos ver.
- Ai menina... Queria pertencer a uma família...
E eu, que "pertencia", também a chorava, me chorava, nos chorava.
Filho único, de pais separados...
Nunca pertence a lado nenhum, percorre a vida, pela frente, com esta antagonismo de pensamentos e emoções.
Choro ou sorriu?
Hoje estou assim.
Assim.Assim
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