quinta-feira, 2 de maio de 2013

Paloma




Bebe nos braços ; iPhone no pé

Nasceu mais uma...
Fica sempre tanto por dizer. Os sentimentos voam como cortinas ao vento. Janelas escancaradas estas, as da minha alma. Olho e choro e choro e riu. É sempre tudo tão certo dentro das 4 paredes da minha mente e depois chegam estes anjos para levantar correntes de ar.

Um dia hei-de falhar... Oiço a ecoar no dentro.

Acontece naturalmente a todos os que se tentam viver. - respondo-me.



Leio teorias académicas sobre a maternidade e nenhuma me diz muito. A minha escola é aqui; No dia-a-dia, no habitar. É ver os meus filhos a nascer e  o quarto inteiro onde largo o corpo encher-se da luz da esperança e ao mesmo tempo ver-lhes a cara franzir com dores de cólicas e sentir.: 
" Credo! Tomara que nao fiquem muito tempo assim..." 
É o oscilar entre o amor frontal, de choque, sem barreiras e o pânico absoluto de não dar conta do recado.
E se eu me irritar? E se eu os traumatizar/ estragar/ quebrar a sua inocência (?) e o adulto que vive em mim ao ouvir-se sorri; claro que isto pode acontecer sim; claro que isso eventualmente vai acontecer, sim. Seja dentro ou fora de casa. Seja aqui ou ali mas nao é isso o que nos molda a vida?
Vou sentindo a "sorte" que me abraça como um manto dourado. Sinto-a não como um acaso mas como algo que teci para mim. Lembro-me de tardes que passei ao sol, debaixo da palmeira da casa da minha mãe, com os pés mergulhados na piscina e a cabeça a girar dentro das páginas várias e variadas dos livros da Isabel Allende. Não sei se ela era efectivamente a minha escritora favorita porque desconheço toda a literatura do mundo mas sei que a minha avó afirmava ser a sua e ao ler as suas histórias voltava sempre ao colo da minha avó que o tempo maldosamente insistiu em me levar. Entendia tão bem o que ela procurava naqueles livros... a intensidade da vida que se dava dentro das grandes fazendas chilenas com as suas famílias numerosas e as suas memórias e palavras ia idealizando, inconscientemente, a vida que escolhi ter; Filhos e mais Filhos. Histórias cruzadas; embaraçadas, tecidas, abauladas. Sou ou tornei-me assim uma alma viciada em historias; De gerações; uma espécie de Velha "burra", que insiste em não evoluir tudo só para ter o prazer de voltar.   
Sou daquelas que ainda faz juras com intenção de realmente as cumprir.
"Havemo-nos de nos encontrar, noutra vida, perto deste espaço"; já o disse certamente milhares de vezes e então volto porque há que voltar. Volto porque este é o meu céu, o meu jardim prometido; a minha terra .
O que me eleva já não é o subir mas sim o enraizar.
Se sei por onde vou? Para o que vou? Ao que vou? Nem por isso...
Mas De vez em quando entendo/vejo como um filme clássico numa tela grande o gigante trabalho que efectivamente já fiz, sem "querer" em todas as minhas vidas. 
Chego à conclusão que as visualizações criativas que se vendem em cursos de meditação complicados e em páginas ilustradas por aí é o meu estado natural de existir. Não sei ser de outra forma; sonho desde o dia em que nasci em ser feliz e é com certeza por isso que cada um dos nossos filhos nasce feito da matéria dos sonhos que retive e teci dentro em mim.
Quatro cesarianas super violentas, sim. Arriscadas, provavelmente e também sim porque não há nada de natural numa cesariana; mas não poderia deixar de as fazer; arriscando-me ou não de me perder este foi um dos grande motivo do meu viver; em nome do verdadeiro amor cavalgo; é a vida da "mãe" Bárbara Jordao filha de Sílvia e João por agora.


Um dia, mais à frente ou ao lado quero "ser" escritora. Baseada em quê não sei... Provavelmente não terei tempo para voltar a estudar as artes complexas da boa literatura mas cada vez sinto mais que a minha escola é esta; a vida que escolhi viver.




Um dia neste corpo equivalem a anos de um outro "semi morto".

Sem os meus sonhos sou absolutamente nada nem ninguém.

Pedaço de carcaça velha largada ao sol. 

Vida; Abraça-me. Aceito-te em mim*

3 comentários:

  1. Hoje, já é a segunda vez que me fazes chorar :) Esta filha trouxe uma nova escrita, que ela permaneça intacta dentro de ti. É linda, profunda! Abraço apertadO

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  2. Tambem te adoro e sinto te a vibrar dentro, fora, de lado, em cima e por debaixo de mim * bjo te

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  3. continua-continua, escreve-escreve que deste lado há quem te leia (embora só agora comente aqui in loco) e escritora veio concerteza para ficar com a p. paloma....

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