terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Manhãs complicadaS


A carmiNho está doente...

A carmiNho adoece possivelmente por causa de uma mistura do nascimento dos dentes com a saia de Natal sobre a tijoleira de Sintra da avó. A carmiNho chora ás 4 da manha. A Mãe corre para o armário da medicação, relê papeis de dosagem com os olhos colados de sono. A Mãe engana-se em 0.5mg, a Mãe estä grávida do 4to filho. A Mãe tem 300 pensamentos por segundos. A Mãe tem tendência para ser alarmista. A Mãe pensa em ligar ao avô doutor às 4h da manha . A Mãe controla-se. A Mãe respira. A Mãe pensa em fazer o bebé vomitar os 0.5mg a mais. A Mãe respira mais um bocado e o bebé sorri. A Mãe resolve ler o papel que diz claramente que não há efeitos registados em caso de sobredosagem. A Mãe finalmente acalma e entende mais uma das nuances do amor. A Mãe deita-se com a bebé. A Mãe Olha para a bebé e revê-se nela. A Mãe e a bebé são absolutamente iguais nesta idade e fase. A Mãe repara que está a chorar de alegria. A Mãe repara que apesar de estar frustrada porque não consegue ler um livro a Mãe atingiu algo inatingível. A Mãe ama com todas as células do seu corpo. A Mãe dá beijinhos nas mãos da filha e reza a deus como uma menina. A Mãe pede-lhe vida e força para ver o verdadeiro milagre: a multiplicação. A Mãe sonha com os netos. A Mãe vibra loucamente. A Mãe sorri. A Mãe suspira. A Mãe descansa e a Mãe descobre que escrever em formato de fax simplifica muito a vida.

Diário de bordo de uma Mãe de 4 filhos
Por Bárbara Jordao Rodhner

1 comentário:

  1. Somos os nossos maiores (piores) críticos e juízes, e muitas vezes somos implacáveis e não queremos perdoar-nos o erro.
    Queremos tanto ser boas mães, que não toleramos deslizes, esquecimentos, enganos...ainda não percebemos que é saudável errar para melhorar e que felizmente, não somos máquinas infalíveis.
    Peço todos os dias a Deus, que me ajude a intuir o que é melhor para a minha filha. Mas acho que isso já nasce com cada mãe, e se errarmos, não é porque não demos o nosso melhor. É só porque, felizmente, também estamos a aprender e a crescer com os nossos filhos.



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